• IBGE: Homens recebem em média R$ 500 a mais que mulheres em Petrópolis

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  • 08/01/2018 11:00

    Há 18 anos, a professora e terapeuta de ThetaHealing, Flávia Peixoto, de 43 anos, teve que fazer uma escolha: ser mãe ou manter o cargo de chefia em uma multinacional. Recém-casada, Flávia ouviu da sua chefe no dia que recebeu a notícia que seria promovida, que agora ela não poderia engravidar. "O meu cargo não era compatível com uma vida de mãe. Eu pensei: o qué isso? Até onde o mercado de trabalho pode influenciar na minha vida pessoal?", questionou Flávia.

    A decisão dela foi tomada junto com o marido, e Flávia deixou o emprego na multinacional para engravidar. "Foi uma decisão que tomamos juntos. Depois disso, engravidei. Depois fiz faculdade e hoje tenho uma vida mais tranquila", disse. Flávia tem três filhos – com 16, 14 e 12 anos – e ressalta que o cargo de chefia na multinacional era desgastante. "Havia muito preconceito e não tinha horário para nada. Para quem deseja ser mãe, era uma situação complicada", ressaltou Flávia.

    Para o sociólogo e antropólogo Igor Paes Leme Lellis do Lago, de 29 anos, a desigualdade salarial de gênero no Brasil é cultural e só com políticas públicas e educação é possível reverter este quadro. "A ideia de que o homem é mais capacitado e por isso deve ganhar mais é quase inconsciente. Durante séculos o homem era o centro da família, ele trabalhava mais e por isso merecia ganhar mais. Essa realidade mudou, mas essa visão ainda está no inconsciente e só é possível mudar isso com a implantação de políticas públicas que reforcem que homens e mulheres são iguais e que devem ter o mesmo direito. A educação também é fundamental neste processo de igualdade", disse.

    A história de Flávia é mais comum no Brasil do que se pensa. No país, a desigualdade salarial de gênero é alta e de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2015, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a mulher pode ganhar menos do que o homem se ela for mãe ou se for casada. A pesquisa do IBGE apontou que o rendimento médio dos brasileiros era de R$ 1.808, mas a média masculina era mais alta (R$ 2.012), e a feminina, mais baixa (R$ 1.522). Em Petrópolis, essa diferença é de cerca de R$ 500 – com os homens recebendo em média R$ 1.687 enquanto as mulheres R$ 1.210.

    Na contramão da desigualdade, a Islândia despontou esta semana como um exemplo a ser seguido. No dia primeiro entrou em vigor uma lei que torna ilegal pagar mais a homens do que as mulheres no país. A medida será aplicada tanto nos órgãos governamentais quanto nas empresas do setor privado com mais de 25 funcionários. Todos terão de obter uma certificação especial do governo garantindo que ali existem políticas de igualdade salarial. Com a lei, a Islândia vira o primeiro país do mundo a tornar a igualdade salarial obrigatória. A intenção é erradicar as disparidades salariais no país até 2022.


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