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  • 31/08/2022 16:31
    Por Fernando Costa

    Em 28 de agosto do ano em curso o calendário litúrgico da Santa Igreja Católica marcou o 22º Domingo do Tempo Comum. A Primeira Leitura foi extraída do Livro Eclo 3, 19-21, 30-31, na qual Jesus Cristo fala da mansidão e da humildade. A Segunda Leitura, Hebreus, 12,18-19.22-24, proclamou a Jerusalém Celeste, da justiça e da perfeição. O Salmo Responsorial, 68,4-7.10-11 (R: 11b), conclamou o carinho ao preparo da mesa do pobre. O Evangelho Segundo Lucas,14, 1.7-14 deu ênfase à seguinte parábola: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar.  Mas, quando tu fores convidado, toma último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.  A homilia do Pároco Padre Adenilson Silva Ferreira foi rica, pedagógica e de fácil assimilação sem perder a beleza do vernáculo.  Apresentou exemplos e o significado  entre a humildade, pobreza e higiene. Falou do banquete se levarmos a nossa mesa ricas, poderosas e prestigiosas personalidades não surpreenderia e nem digna de mérito, mas, qual de nós seria capaz de levar o desvalido, indigente, doente e pobre abandonado pela família e poderes constituídos ao ágape? Pergunta difícil de responder.” “É aos pobres e estropiados, aos coxos e aos cegos que Jesus se dirige – ele acaba de nos lembrar isto. A todos aqueles que são verdadeiramente os últimos, os que não têm como exercer sua caridade para com ele e, por este motivo, são os primeiros em seu Amor.”  Frisou em sua alocução que  a humildade não deve ser interpretada como se a pessoa precisasse estar suja, descalça, sem higiene e descuidada. “Sou de Ubá, Minas Gerais e pelas cercanias de minha região conheci diversas famílias simples e de poucos recursos, mas, suas casas eram caiadas, construídas em pau a pique e terra batida, no entanto, extremamente limpas, cheirosas e de modelar capricho.” À época não se falava em detergente ou sabão em pó, “areavam” panelas com areia mesmo e as vasilhas brilhavam. As canecas eram de latas, mas dava gosto tomar a água fresquinha. As trempes dos  fogões eram  de ferro e as panelas também, mas, a refeição, por mais simples fosse era saborosa. Jesus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o mais sábio, poderoso, Senhor do céu e da terra,  manso e humilde de coração, nos convida a aprender com Ele. Humildade, capricho, riqueza e pobreza não podem ser confundidos. Quando se  pensa em humildade, surge a  ideia de pobreza, porém, humildade não é um atributo. Humildade é agir com simplicidade,  característica da  pessoa que assume sua responsabilidade sem prepotência, soberba, ou arrogância. A pessoa humilde reconhece as limitações, modéstia e ausência de orgulho. A humildade é obra do Espírito Santo! Ela é uma virtude. Jesus Cristo é exemplo de humildade, sendo Deus esvaziou-se de sua glória e desceu do céu e se encarnou entre nós, fez-se homem, exceto no pecado. O próprio Senhor Jesus nos convidou a irmos até Ele. “Vinde a mim todos vocês… porque sou manso e humilde de coração e achareis descanso para a vossa alma.” (Mt 11.29). É preciso cautela, não obstante imerecedores da bondade de Deus, Ele nos envolve em Sua graça e misericórdia.  Somos pecadores. Somente pela graça de Deus alcançaremos a salvação. Só ele possui  real lugar no plano da redenção.  Aprendamos com o Senhor Jesus que desde os dias de  sua peregrinação aqui na terra disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vocês o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e achareis descanso para a vossa alma…”  Pincei  “exempli gratia” o Evangelho de Mateus 8,8, as palavras do soldado romano, ao proferir:  “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Jesus, ao retornar à casa,  Cafarnaum, na Galileia, um oficial romano se aproximou d’Ele. Estejamos atentos, ele não era um  judeu, um religioso, mas, um militar  a serviço do império romano.  O oficial romano repleto de fé suplicou e não o fez para si, mas para o seu empregado. “Senhor, o meu empregado está paralisado, está de cama, uma terrível paralisia toma conta dele, ele não pode se movimentar. É por isso que estou pedindo”. Jesus sentiu a expressão de fé brotada do coração daquele homem e disse: “Eu vou curá-lo, vou levantá-lo”. O oficial foi digno, acreditou. Ele, ao desempenhar as funções de comando, possuía prestígio, mas, a graça, estava no Senhor. Foi humilde em reconhecer a autoridade e o poder de Jesus. Deus é misericórdia. Seguindo esse fio condutor, por que perdermos a oportunidade livre do orgulho, soberba  consciente de que o prestígio não é tudo? Também nós, não somos dignos de que Cristo entre em nossa casa, isto é, em nosso coração.  Ele não desiste de nós, mesmo ante as imperfeições e pecados. Temos plena consciência de que não  é suficiente  acreditar, mas, sim, embasados na fé, nos submetermos aos planos Divinos. Pena, nem sempre agimos dessa forma.  Esse dom é para os humildes.

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