Hub e Wealth
Ao escrever sobre diversos assuntos no decorrer desta coluna, o leitor da Tribuna já pode ter uma visão do universo dos investimentos que é regido por uma infinidade de variáveis: política interna, política internacional, guerras, commodities, visões de mercado, inovação, oportunidades de negócios, psicologia do investidor, carreiras profissionais, tecnologias… e por aí vai.
Esse universo vasto é a vida do assessor de investimentos que cada vez mais precisa de repertório para atender seu cliente em diversos âmbitos da sua vida.
Uma visão holística do cliente e seu momento de vida, configuração familiar, origem de receitas e perfil de investidor é o grande diferencial de um assessor para poder atuar de forma ampla.
E esse domínio de assuntos se desdobra em um canivete suíço para entregar ao seu cliente soluções cada vez mais adequadas e atuais.
Assim, dois termos têm ganhado espaço no repertório do mercado financeiro: hub e wealth. E as duas palavras se conectam.
One Stop Shop
Você já foi a um posto de gasolina de madrugada, parou para comprar uma bebida em uma loja de conveniência, viu uma prateleira de fraldas descartáveis ao lado de um display de cachorro-quente? E farmácias vendendo balas? E na viagem de férias, já tentaram te vender um investimento em uma unidade de um resort a ser construído? Tudo em um só lugar, com gatilhos de venda que entregam ao cliente/consumidor a comodidade de resolver várias “dores” ao mesmo tempo.
Isso é um hub de soluções, é um “uma parada para comprar tudo”. E isso não é reinventar a roda, afinal, como dizia um antigo chefe: “hoje em dia até celular tem dois chips”.
Hub
Um hub é uma conexão em que cada vez mais clientes podem buscar soluções financeiras de forma qualificada. Muitas vezes um banco, uma corretora ou um escritório tem uma expertise maior em um determinado nicho de produtos. Bancos estatais eram reconhecidos por terem boas taxas no tocante a crédito. As corretoras eram conhecidas por terem produtos de investimentos de melhor performance. E escritórios eram conhecidos por entregar atendimento e relacionamento mais próximo.
Hoje isso se misturou em empresas que se entitulam hubs de soluções financeiras. Mas elas realmente entregam as melhores soluções para seus clientes? A resposta para esta pergunta passa pela averiguação da isenção da empresa ou profissional ao entregar aos clientes as melhores propostas de produtos independente da empresa que representam. Além disso, é importante ter uma caixa de ferramentas ampla, para puxar de seu interior e mostrar aos clientes produtos e serviços dos melhores parceiros do mercado.
Escritórios de investimentos que se intitulam hubs entregam aos seus clientes diversas soluções, além do simples portfólio e taxas de rentabilidade. Investimentos, crédito, seguros, câmbio, assistência jurídica direcionada ao planejamento sucessório, consultoria para fusões e aquisições… E claro: atender com propriedade pessoas físicas e pessoas jurídicas. Para você ou para sua empresa. Aí entra o Wealth.
Wealth
Visão global do patrimônio do cliente. Trata desde a mera rentabilidade de uma simples aplicação até mesmo uma conversa com o cliente sobre seu cenário familiar e como ele implica no arranjo do capital social de sua empresa. Além disso, ainda propõe uma solução internacional de mitigação de riscos para que, em sua falta, seus entes queridos tenham liquidez para suportar a transferência patrimonial. Esse é um caso em que clientes de relevante patrimônio ou até mesmo clientes com patrimônio não tão elevado, mas com uma consciência financeira altíssima, podem vir a demandar de um profissional do mercado.
Gestão de orçamentos pessoais, familiares e até mesmo empresarial. Alocação de investimentos. Gestão de riscos. Planejamento tributário e planejamento sucessório. Esta sequência de assuntos é o ferramental de um profissional completo no mercado financeiro, que, se não presentes em apenas um profissional, devem sim estar no hub de soluções com o qual o cliente mais exigente deve contar. Esse é o mercado chamado Wealth. Mais do que muito ricos. Chamo de muito complexos.
Mas isso é pra quem?
Para todos. Não precisa ser super rico para ter uma apólice de seguro internacional. Não precisa ter milhões em investimentos para usar estruturas de investimentos em renda variável com mitigação de riscos. Não precisa ser dono de um grande conglomerado de empresas para ir a um profissional e desenhar como quer dar tranquilidade à família caso venha a faltar. E, claro, também não precisa ir ao banco pedir milhões emprestado para negociar uma boa taxa em operação de crédito. Basta procurar a informação com profissionais e equipes competentes.
Resumindo, o bem-estar financeiro deve ser proporcionado a todos, independente das cifras envolvidas, para pessoas ou empresas.
Regulamentação
A CVM, que regula o mercado de corretoras de investimentos e escritórios de agentes autônomos de investimentos, vem proporcionando ao mercado adequação às suas demandas para atuar de forma cada vez mais completa. Exemplo disso é a autorização em fase de regulamentação, que trará aos escritórios de investimentos a possibilidade formal de admissão de sócios com certificações e atividades diferentes da tradicional assessoria de investimentos.
Um exemplo do que pode vir a acontecer: entrar em um escritório para conversar com um contador, o que na prática acontecia apenas informalmente, por indicação de profissionais; em breve será possivelmente legal e adequado ao cliente que assim desejar e confiar à uma empresa a gestão de diversos assuntos de sua vida.
Essa possibilidade no mercado de escritórios se chama “admissão de sócio capitalista”, que na verdade, além da figura de capitalista, também poderá ter uma função agregadora à atividade do escritório na sua atuação no mercado. É a permissão para as equipes multidisciplinares que vai impulsionar ainda mais os escritórios de investimentos.
Qualidade da entrega
Acredito que será com naturalidade que profissionais diferenciados no mercado irão se reunir para entregar esse diferencial multidisciplinar. É possível, sim, reunir em um time de profissionais o melhor em diversos assuntos. Hoje, principalmente no mercado financeiro, taxas de rentabilidade, taxas de crédito, soluções de produtos e tecnologia são muito pareados e mudam pouco de empresa para empresa. Um internet banking praticamente é igual a todos os outros. Aliás, se uma empresa comum quiser contratar um BAAS (Bank As A Service) e criar seu próprio internet bank, já consegue.
Empresas investem pesado no verdadeiro “copia e cola”. O que vai fazer a diferença no mercado é o relacionamento com o cliente e a expertise do profissional em sacar as ferramentas adequadas em cada momento desejado pelo cliente.
Não é ser generalista e entregar uma solução pior. Também não é ser especialista e só entregar um produto. É ser especial e sanar diversas dores do cliente que vai prezar pela competência de profissionais e times que reúnem diversas soluções excelentes.
Se você ainda não conta com um parceiro hub de negócios, com certeza, deve estar perdendo alguma informação relevante que poderá conceder algum benefício próprio ou aos seus familiares e negócios.
No próximo artigo vamos desmembrar esses pontos de possível atuação do Planejador Financeiro e como esse profissional multidisciplinar pode ajudá-lo a usar sua riqueza de forma inteligente. Vem aí o convite à sua gestão de números!
Até a próxima.