• Hospitais relatam alta nos casos de pneumonia, incluindo tipo ‘silencioso’; conheça os sintomas

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  • 16/jul 20:55
    Por Layla Shasta / Estadão

    Profissionais de saúde da cidade de São Paulo relatam um aumento nos casos de pneumonia no município, com destaque para um tipo específico da doença, conhecido como pneumonia atípica ou “silenciosa”.

    A infecção recebe esse nome porque seus sintomas iniciais são menos evidentes do que nos quadros comuns, o que pode adiar a procura por atendimento e o diagnóstico, levando ao agravamento da doença.

    “Houve um aumento no atendimento de pacientes com pneumonia grave no Hospital Nove de Julho, Hospital Santa Paula e Hospital Brasília, que pode estar relacionado à pneumonia atípica”, informa a Dasa, dona das três instituições.

    No Hospital Infantil Sabará, o aparecimento de casos desse tipo de pneumonia tem sido observado pela equipe médica desde outubro do ano passado, segundo a pneumologista pediátrica Miriam Eller, e houve um aumento importante nos atendimentos nos últimos meses.

    “Nós já tivemos um surto de pneumonia por Mycoplasma em São Paulo há alguns meses, e agora também há relatos de aumento de casos”, diz Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

    De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo, que não há registros detalhados sobre cada tipo de pneumonia, incluindo a silenciosa, na cidade. No entanto, pode ser percebido o aumento de casos da doença em geral, especialmente entre crianças.

    A pasta utiliza os dados do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus como exemplo. Até o fim do mês passado, foram realizados 675 atendimentos por pneumonia no pronto atendimento da unidade: 26 em janeiro, 42 em fevereiro, 129 em março, 164 em abril, 147 em maio e 167 em junho.

    No mesmo período de 2023, foram 495 atendimentos – 14 em janeiro, 30 em fevereiro, 78 em março, 126 em abril, 143 em maio e 104 em junho -, uma diferença de 36,4%. Comparando apenas o mês de junho, a variação foi de 60,6%.

    Além disso, 129 pacientes com pneumonia foram internados no hospital no primeiro semestre deste ano, contra 124 no seis primeiros meses de 2023. Segundo a secretaria, não foram constatados óbitos pela doença em 2023 e 2024 na unidade.

    O que é pneumonia ‘silenciosa’

    A pneumonia atípica, como o nome sugere, é uma apresentação da pneumonia fora dos padrões, a começar por seus agentes causadores. O principal microrganismo envolvido nesse quadro é a bactéria Mycoplasma pneumoniae, mas, segundo a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), também podem ser agentes a Chlamydia pneumoniae e a Legionella pneumophila.

    A doença é contagiosa. Ela pode ser transmitida por meio de gotículas de saliva contaminadas disseminadas em ambientes fechados, e o paciente pode demorar a perceber que há algo errado. Segundo SPSP, o paciente infectado com Mycoplasma apresenta menos sintomas do que na pneumonia clássica e permanece realizando suas atividades habituais.

    Foi exatamente o que aconteceu com a atriz Camila Pitanga. Em março, ela usou as redes sociais para compartilhar o diagnóstico de pneumonia assintomática e recomendar cuidados com a saúde.

    No post, a atriz contou que não apresentava sintomas comuns de pneumonia, como febre e tosse, mas se sentia extremamente cansada. Amigos recomendaram que ela procurasse atendimento médico e após diversos exames veio a confirmação da doença.

    Sintomas e tratamento

    “A pneumonia por Mycoplasma tem uma apresentação de início mais branda do que a pneumonia comum. Pode ocasionar febre mais baixa e mal-estar leve. Em compensação, ela possui um quadro de falta de ar mais intenso do que uma pneumonia pneumocócica”, explica Fiss.

    O paciente pode sentir mal-estar, dor de garganta, dor de cabeça e febre. Após três a quatro dias, surge tosse seca, que pode ficar produtiva, mais intensa e persistente.

    A doença geralmente é autolimitada, isto é, com resolução dos sintomas entre duas e quatro semanas. No entanto, em alguns casos, ela pode ocasionar quadro clínico grave, mesmo com o uso de antibióticos.

    Os especialistas afirmam que o processo diagnóstico é desafiador porque a doença não costuma apresentar sinais que a diferenciem de outros tipos de pneumonia nos exames de raio-x. Além disso, os testes moleculares que podem identificar o agente causador da doença não são tão difundidos.

    Quando não há a possibilidade de realizar todos os exames, os médicos utilizam um espectro amplo de antibióticos, que pode tratar tanto infecções típicas quanto atípicas. Por isso, é comum que o paciente receba uma combinação de medicamentos, segundo Marcos Tavares, médico pneumologista do Hospital Nove de Julho. O tratamento inclui ainda repouso, atenção à ingestão de líquidos e uma alimentação saudável para fortalecer o sistema imunológico.

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