• Homenagem aos Trovadores

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  • 01/ago 08:00
    Por Afonso Vaz

    Por lapso, deixei de escrever estas modestas linhas em data que já se expirou, uma vez que o Dia do Trovador é celebrado em 18 de julho. 

    A data foi escolhida para homenagear o nascimento de Luiz Otávio, fundador da União Brasileira de Trovadores.

    ​Luiz Otávio, é bom que se recorde, é o autor da magnífica obra “Meus Irmãos os Trovadores”, que reúne duas mil trovas da lavra de mais de seiscentos autores brasileiros, inclusive com notas elucidativas e bibliográficas.

    ​Na nossa cidade onde a trova continua tendo extraordinária aceitação, através de um sem número de ilustres trovadores, sejam do passado como os atuais, cabe uma palavra de eternas recordações pela atuação da União Brasileira de Trovadores – UBT – Seção Petrópolis, que fora presidida em anos pretéritos pelos poetas/trovadores Carolina Azevedo de Castro, Osmar de Guedes Vaz e Roberto Francisco.

    ​Atualmente a preside a poeta e trovadora Catarina Santos.

    ​Ainda ser destacado que em Petrópolis, nossa querida terra, berço de inúmeros poetas, a data em questão foi oficializada, em boa hora, no calendário municipal através da Lei nº8667/14, iniciativa da vereadora Gilda Beatriz.

    ​Justamente, em razão da comemoração dessa data festiva, julguei por bem escrever a tal propósito, sincero brinde em homenagem aos trovadores petropolitanos como, também, com relação àqueles que nesta cidade fixaram residência e não foram poucos.

    ​Entretanto, antes de referenciá-los em razão de belíssimas produções, que fizeram vir à lume, não poderia deixar de fazer alusão à figura de dois notáveis trovadores, quais sejam Adelmar Tavares e Djalma de Andrade.

    ​O primeiro, nascido em Pernambuco, em 16/02/1888, morador por muitos anos no Rio de Janeiro.

    ​O segundo, nascido em Congonhas do Campo, Minas Gerais, em 03/12/1894.

    ​Passemos a belíssima quadra da autoria de Adelmar.

    “Para matar as saudades,

    fui ver-te em ânsias correndo…

    – E eu que fui matar saudades,

    vim de saudades morrendo”.

    E Djalma, nos brindou:

    “Tua modista, senhora,

    mostrou ter grande talento

    prendendo um chapéu de plumas

    numa cabeça de vento”.

    ​Duas trovas dotadas de sentimentos variados seja envolvendo o romântico, o apaixonado, o saudoso e o satírico.

    ​Todavia, o meu intento é focalizar os trovadores conforme já deixei assinalado no início desta narrativa, nascidos em Petrópolis, e bem assim aqueles que aqui passaram a residir.

    ​Ei-los:

    Júlio Afrânio Peixoto nasceu na Bahia, em 17 de dezembro de 1876. Professor de Medicina Legal da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Crítico literário, ensaísta, romancista e poeta, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de janeiro de 1947. 

    “Por que meu corpo definha,

    minh’alma vive de luto?

    Fruteira muito podada

    como é que pode dar fruto?”

    ​Ávio de Figueiredo Brasil nasceu a 13 de fevereiro de 1911, na cidade de Salvador. Em 1935, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia. Exerceu o cargo de Procurador Geral da Prefeitura de Salvador. Colaborou com inúmeros jornais: Correio da Manhã, Diário de Notícias, A Tarde, Diário de Petrópolis e Jornal de Petrópolis. Já aposentado passou a residir em Petrópolis. 

    “Não sei o que seja rancor,

    nem ódio, nem amargura.

    Mas sei bem o que é amor

    que em mim não morre, perdura!”

    ​Ernesto José Ferreira da Paixão nasceu em Petrópolis, em 25 de dezembro de 1866. Médico, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Poeta e político. Foi membro titular da Academia Fluminense de Letras. É patrono da cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni. 

    “Quem diz que a morte é o fim desta vida,

    mentiu, pois, que ela é eterna e nunca finda,

    quando o corpo cai e morre, vive ainda

    na flor que lhe desponta na jazida.”

    ​Jesy Barbosa, nasceu em Campos, RJ, no dia 15 de novembro de 1915. Poetisa, trovadora de prestigio nacional. Obteve, em 1962, o primeiro lugar nos Jogos Florais de Nova Friburgo, idealizado por Luiz Otávio que os introduziu no Brasil, com apoio do poeta J.G. de Araújo Jorge. Residiu em Petrópolis durante vários anos. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de dezembro de 1987.

    “Surpreendente maravilha

    a que agora me acontece:

    minha mãe é minha filha

    à medida que envelhece.”

    ​Maria Eugênia Celso Carneiro de Mendonça, nasceu na cidade de São João Del Rey, em 19 de abril de 1886. Poetisa, escritora e teatróloga, foi a primeira ocupante da cadeira nº 31 da atual Academia Petropolitana de Letras. Jornalista, iniciou sua carreira no Jornal do Brasil. Teve suas poesias publicadas nos jornais locais e nas revistas da Academia Petropolitana de Letras.

    “Um lenço… coisinha à toa,

    mas, amor, aos olhos meus,

    não há nada que mais doa

    que um lenço acenando adeus.”

    ​Osmar de Guedes Vaz, nasceu em Oliveira, Minas Gerais, em 8 de setembro de 1905. Funcionário federal aposentado. Poeta, trovador e humorista. Jornalista, colaborou por vários anos nos principais jornais petropolitanos. Ocupou a cadeira nº 28 da Academia Petropolitana de Letras. Faleceu em Petrópolis, dia 17 de Setembro de 1989.

    “Dos bens todos que são meus,

    nenhum teve tanto brilho,

    que o bem que tive de Deus

    na pessoa de meu filho.”

    Ante as inúmeras trovas que encerram tanta beleza, entendo, mais uma vez, que seus autores mereçam ser recordados, prova de reconhecimento daqueles que apreciavam o belo, o amor, a saudade e tantos outros temas que inspiraram o ilustre professor e membro da Academia Petropolitana de Letras, Professor Paulo Cesar dos Santos, a publicar a obra “Poetas Petropolitanos”, da qual me valhi para distinguir inúmeros poetas, especialmente “doutores” na escrita de trovas.

    ​Parabéns, trovadores, pela data 18 de julho p.p.!

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