• Hamas liberta mais 17 reféns a Israel após atrasar nova libertação

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  • 26/11/2023 07:01
    Por Redação / Estadão

    Após um primeiro dia bem-sucedido no cessar-fogo e troca de prisioneiros entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na sexta-feira, o atraso na libertação do segundo grupo ontem expôs a fragilidade da trégua alcançada entre eles na guerra que já dura mais de sete semanas. Ontem, depois de sete horas de atraso, o Hamas entregou o segundo grupo de reféns composto por 13 israelenses – 8 crianças e 5 mulheres – e 4 tailandeses. Em troca, Israel libertou 39 prisioneiros palestinos, conforme o negociado.

    No início do dia, o atraso na libertação levantou temores de que a trégua pudesse entrar em colapso total. O Hamas disse inicialmente que iria adiar o acordo, culpando Israel por não ter cumprido partes importantes da negociação envolvendo entrega de ajuda humanitária. Os militares israelenses negaram veementemente a acusação e ameaçaram retomar os bombardeios se os reféns não fossem soltos. Os termos do acordo entre os dois não foram detalhados, o que dificulta a verificação das afirmações do grupo terrorista.

    Já à noite, o Catar, que ajudou a mediar o acordo ao lado do Egito, informou que os lados tinham conseguido superar obstáculos não especificados que dificultavam sua implementação. O presidente americano, Joe Biden, chegou a conversar diretamente com o emir e com o primeiro-ministro do Catar sobre possíveis atrasos e mecanismos para resolvê-los, disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

    Assim como no primeiro dia, o novo grupo de reféns foi entregue à organização humanitária Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Gaza, que o levou em seus veículos para o Egito. De lá, os recém-libertados foram levados para Israel e encaminhados para hospitais. Pelo combinado, deverá haver nova troca de prisioneiros hoje e amanhã.

    Ao longo do dia tenso, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, reuniu-se com os altos responsáveis pela segurança do país. O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, disse que os esforços para libertar os reféns avançavam, mas “nada era definitivo até que realmente acontecesse”.

    50 DIAS

    A breve trégua – que entrou em vigor na manhã de sexta-feira – já é a pausa mais longa em um conflito de 50 dias que começou em 7 de outubro, quando um ataque do Hamas ao sul de Israel matou 1,2 mil pessoas – outras 240 foram sequestradas.

    Como parte do acordo, o Hamas concordou em libertar durante quatro dias pelo menos 50 mulheres e crianças israelenses mantidas reféns em Gaza, enquanto Israel libertaria 150 mulheres e menores palestinos nas suas prisões, disseram autoridades de ambos os lados. Na sexta-feira, o Hamas libertou 13 reféns israelenses, enquanto Israel soltou 39 prisioneiros palestinos. Dez cidadãos tailandeses e um filipino – que trabalhavam nas fazendas do sul de Israel quando foram sequestrados – também foram soltos pelo grupo terrorista.

    Ao anunciar o atraso de ontem, autoridades do Hamas acusaram Israel de não permitir que caminhões com ajuda suficiente chegassem ao norte de Gaza, onde estão concentrados os combates. Afirmaram ainda que Israel e não libertou prisioneiros palestinos segundo os termos do acordo.

    Israel negou qualquer violação e deu a entender que o cessar-fogo de quatro dias terminaria mais cedo se o Hamas não libertasse o segundo grupo de reféns ainda ontem.

    Apesar de não detalhado, o acordo entre ambos envolve também a entrega de mais ajuda a Gaza, onde a guerra causou grave escassez de combustível e alimentos para a população do enclave.

    A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS) informou no fim do dia, ontem, ter recebido 187 caminhões do Crescente Vermelho egípcio, que foram despachados para a Cidade de Gaza e para o norte do território, no maior comboio de ajuda já recebido na região desde 7 de outubro.

    RETORNO

    Os primeiros 13 reféns israelenses libertados na sexta-feira começaram a reunir-se com as suas famílias, pondo fim a quase sete semanas de incerteza e medo sobre o seu destino em Gaza.

    Ontem, em um vídeo divulgado pelo hospital infantil Schneider, Yoni Asher pode ser visto abraçando sua mulher, Doron, e suas duas filhas em uma cama de hospital. As três foram soltas na sexta-feira.

    “Você estava com saudades de mim? Você pensou no papai?”, perguntou Asher a suas filhas – Raz, de 4 anos, e Aviv, de 2. “O tempo todo”, respondeu Doron. “Sonhei que íamos para casa”, disse Raz. “Iremos para nossa casa em breve”, respondeu o pai.

    Em outro vídeo divulgado pelo hospital, Ohad Munder Zichri, de 9 anos, corre pelo corredor do hospital e cai nos braços do pai. Sua família também compartilhou imagens de Ohad – sequestrado junto com sua mãe, Keren, e com a avó Ruti – brincando no hospital.

    O professor Gilat Livni, que supervisiona o tratamento das crianças reféns tratadas no Schneider, disse que as quatro crianças israelenses que retornaram na sexta-feira estavam “em geral, em boas condições”, apesar do que passaram.

    Para muitas famílias – mesmo para aquelas cujos parentes foram libertados -, a alegria se misturou com a tristeza pelos mais de 200 reféns que se acredita permanecem ainda em Gaza. Algumas famílias foram divididas, com mulheres e crianças libertadas, enquanto parentes do sexo masculino ficaram para trás – incluindo o avô de Ohad, Avraham.

    “Estamos felizes, mas não estamos comemorando. Ainda há outros reféns em cativeiro”, disse Roy Zichri, irmão de Ohad, em um comunicado. (Com agências internacionais)

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