• Haddad diz que números da economia merecem ser comemorados, mas pondera sobre cenário futuro

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  • 12/set 11:35
    Por Cícero Cotrim e Amanda Pupo / Estadão

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira, 12, que os números da economia brasileira merecem ser comemorados, com inflação controlada e crescimento, mas ponderou que é necessário se manter atento ao futuro. Variáveis naturais, políticas e geopolíticas podem ter impacto, ele afirmou.

    “Você tem toda a legitimidade de comemorar: o PIB está crescendo, o desemprego está baixo, a inflação está baixa, está sob controle, mas sempre você tem que estar tendo atento à próxima curva, porque você não sabe o desafio que você vai ter que enfrentar”, disse o ministro da Fazenda.

    No programa Bom dia, ministro, da EBC, Haddad afirmou que o índice de miséria do Brasil – soma da taxa de desemprego e da inflação – está em um dos menores níveis da série histórica, com desemprego e inflação baixos. “Estamos no melhor dos mundos”, afirmou.

    Haddad acrescentou que o Brasil tem avançado em reformas estruturais, citando a tributária. Mencionou, também, o novo arcabouço fiscal – que, segundo o ministro, é “inovador, respeitado e elogiado mundo afora”, inclusive por organismos internacionais e agências de classificação e risco.

    Otimismo

    O ministro da Fazenda já havia falado na mesma entrevista estar “otimista” com a economia brasileira, mas sem subestimar os desafios. Entre eles, citou a compensação à desoneração da folha de pagamentos, cujo texto-base foi aprovado na quarta-feira pela Câmara.

    “O de ontem foi muito difícil, mais de dez anos tentando rever isso e ninguém conseguia”, ele disse. “Chegou o momento, envolvendo o Supremo, o Senado, a Câmara, chegou o momento de pôr ordem nesse programa, que custou mais de R$ 200 bilhões.”

    Contas públicas

    Haddad repetiu que o País precisa reequilibrar as contas públicas, mas defendeu que isso tem de ser feito “de forma criteriosa”, para não prejudicar quem depende do Estado e para garantir que as pessoas que não pagavam impostos, paguem. Ele reclamou da atuação dos lobbies de Brasília em favor de empresas: “é um inferno isso aqui.”

    Projeções para o PIB

    O ministro repetiu que a economia brasileira deve crescer mais de 3% este ano, depois de ter adiantado a jornalistas, na quarta, que a revisão das projeções da Fazenda indicaria uma alta deste nível ou mais do Produto Interno Bruto (PIB). E afirmou que há um recorde de geração de empregos, com queda da desocupação.

    “Hoje, o nosso problema é oferta de mão de obra, não é demanda”, afirmou Haddad. “Você conversa com qualquer empresário, de qualquer setor, a pessoa vai dizer assim: eu estou com dificuldade de contratar, eu preciso contratar, eu quero expandir meus negócios.”

    Sem tempo para redes sociais

    O ministro da Fazenda contou ainda que “infelizmente” tem pouco tempo para acompanhar as redes sociais ao ser perguntado quais “fake news” mais o incomodam. Algumas delas são “tão alopradas” que fazem o chefe da equipe econômica rir, relatou.

    “Eu infelizmente tenho pouco tempo para acompanhar redes sociais, não dá tempo de olhar. E no fim de semana eu não quero olhar, tenho que estar sereno, na segunda tenho que estar muito bem disposto para negociar. Mas as vezes dou até risada, são coisas tão alopradas, você pensa, será que alguém está acreditando numa coisa dessa?”, respondeu Haddad.

    O ministro aproveitou o assunto também para fazer uma avaliação crítica do mundo virtual e a relação com as eleições. Sem citar nomes, disse que “até em estelionatário as pessoas estão dispostas a votar”. “Sujeito tem conversa fácil, já roubou pessoas, deu golpe e quer dar golpe eleitoral agora. Curioso o que está acontecendo eleitoralmente. E a pessoa assume o que faz, hoje virou ativo eleitoral se expor e dizer ‘fui condenado, roubei, sei dar golpe, sou esperto'”, avaliou o ministro, dizendo, contudo, confiar que o processo democrático acaba “depurando esse tipo de coisa”.

    Haddad tem participado de eventos de campanha do candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL). As pesquisas mostram uma disputa acirrada entre três nomes: Boulos, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

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