• Há males que vêm para o bem

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  • 28/11/2018 09:45

    Já contei como foi minha infância mas tenho que repetir para justificar o titulo acima, transformado que fui num pingente da sociedade, pela opinião pública “sem opinião” induzida pela ditadura Vargas. – um rebotalho humano desprezado pelos demais garotos, na rua e no colégio, servindo somente de “saco de pancadas a partir dos sete anos. E consequentemente, nunca tive oportunidade jogar futebol e diante de tanta humilhação, quando chegava em casa, chorando, ouvia de minha mãe – “nunca abaixe a cabeça para ninguém, nem sinta vergonha de seu pai; ele é honesto, trabalhador e competente” . E cresci, indiferente ao futebol  que, sob certos aspectos me foi benéfico – nunca sofro de fanatismos que, nas pessoas, surge sempre na infância pelo envolvimento emocional dos esporte, como me disse um amigo – “você não imagina a emoção que se sente quando nosso clube faz um gol. Realmente nunca senti tal emoção, mas com respeito ao meu amigo, minhas emoções surgem em outras circunstância bem diferente como sempre registro em minhas crônicas. E como me habituei , desde cedo, a não externar minhas emoções, há muito que as sinto interiormente – sem orgulho ou vaidade, mas modesta e internamente.

    Certa vez, em conversa, uma amiga opinou que eu deveria colocar  uma pedra em cima dessa fase do passado, para meu próprio bem, mas como dizia Humberto de Campos: “o que se sofre na infância não sobe para a cabeça, mas se guarda no coração”. Apenas que não se deixe dominar pelo desejo de vingança ou ódio – mas que seja aproveitado como um ensinamento e aprendizado, no mínimo, de não permitir que o preconceito prolifere. Esquecer a época seria o mesmo que esquecer os conselhos maternos – “nunca abaixe a cabeça para ninguém, ande sempre de cabeça erguida” – o que está cravado, até hoje, no meu interior.

    E o tempo e a vivência são os melhores orientadores de nossos sentimentos e das atitudes, que tanto nos corrige nas possíveis falhas cometidas e falhas em função dos tropeços que todos damos pelos diversos revezes da vida. Como disse o poeta 

    Francisco Otaviano (1825-1899)  em Ilusões da Vida – “ Quem passou pela vida em branca nuvem / e em plácido repouso adormeceu / quem não sentiu o frio da desgraça;/ quem passou pelo mundo e não sofreu, ? /  foi espectro de homem, não foi homem, / só passou pela vida e não viveu ! 

    Por isso, também, sempre digo : – “Não sou melhor que ninguém mas também não sou todo mundo – sou apenas eu e é o quanto me basta”.

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