• ‘Há espaço para uma agenda que desperte esperança’

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  • 21/10/2021 17:00
    Por Pedro Venceslau / Estadão

    O empresário Fábio Barbosa, de 67 anos, foi um dos signatários do manifesto assinado por empresários e intelectuais em apoio ao sistema eleitoral do País e esteve no ato contra o governo Jair Bolsonaro realizado na Avenida Paulista, no dia 12 de setembro. Barbosa, que participa de quatro grupos com empresários e executivos que querem se envolver na discussão eleitoral no ano que vem, afirmou em entrevista ao Estadão que o mundo empresarial está, agora, despertando para o debate político.

    O que o Brasil precisa fazer para se recuperar na economia? Quais reformas são mais urgentes?

    O marco regulatório do saneamento básico é uma reforma importante que nem sempre teve o devido destaque. Ele colocou metas universais para 2033 para a população ter esgoto tratado e água potável. Isso é revolucionário. Teve coisas positivas que aconteceram, mas em algumas o governo não acelerou. Uma delas é a reforma administrativa. Isso tem que ser feito. Foi erro não termos feito. Vamos ver se sai alguma coisa da reforma tributária até o fim do ano.

    O empresariado tem hoje uma visão mais conservadora ou progressista diante da agenda identitária?

    Os empresários e executivos passaram a entender que a sociedade demanda uma atuação mais conectada com as empresas. Temas de inclusão social estão muito mais conectados. As empresas estão trabalhando suas políticas e vendo como se tira o viés inconsciente, que faz com que algumas pessoas não tenham oportunidade. As empresas entenderam que um grupo diverso é melhor que um grupo de iguais. A sociedade está demandando que as empresas se posicionem sobre esses assuntos. Os empresários estão muito mais conectados com esses temas, seja por convicção, seja por conveniência.

    Quais devem ser os temas principais do debate eleitoral em 2022?

    São dois temas. É muito importante que se debata a questão ambiental. Temos que nos posicionar. E, também, a inclusão social com igualdade de oportunidades, através da educação.

    Na opinião do senhor, entidades e lideranças empresariais se posicionaram tardiamente em relação à conduta do presidente Jair Bolsonaro?

    A questão começou a ficar mais latente quando o presidente foi mais vocal sobre a questão contra a democracia. O setor empresarial, que poucas vezes se mobilizou, resolveu vir a público expressar sua preocupação. Foi importante marcar posição. Vejo um crescente envolvimento da sociedade na política. Vejo mais gente querendo se candidatar a cargos públicos. As declarações de Bolsonaro mudaram o patamar da preocupação.

    Como o senhor vê o debate eleitoral?

    Eu quero que as pessoas votem por acreditar, e não por ter medo. Vejo gente que vai votar por temor. Existe um espaço grande para uma agenda propositiva que desperte esperança. A esquerda se apropriou indevidamente do monopólio do discurso do bem social. Vejo o pessoal mais liberal no posicionamento econômico mostrando preocupações sociais. Queremos um país melhor. O caminho é uma menor presença do Estado, dando mais espaço para o setor privado.

    Acredita na candidatura da terceira via para a eleição de 2022?

    A definição do PSDB que acontece em novembro nas prévias será muito importante para dar início ao jogo. Nem Bolsonaro nem Lula querem um terceiro nome. O candidato que aparecesse agora levaria muita pancada dos dois lados. O momento certo vai ser ano que vem. Precisa de um ou dois candidatos do centro.

    Vê algum nome favorito?

    Existe espaço e tempo para (a terceira via) crescer. Sem a definição das prévias do PSDB, nada vai acontecer. A partir daí, serão feitas as alianças.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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