• Guia do G20: entenda o que é, quais são os países membros e seus objetivos

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  • 21/fev 12:37
    Por Redação O Estado de S. Paulo / Estadão

    O Rio de Janeiro recebe nesta quarta e quinta-feira, dias 21 e 22, a Reunião de Chanceleres, um evento preparatório para a Cúpula do G20, o encontro das maiores economias do planeta. O Brasil assumiu a presidência rotativa do G20 pela primeira vez em 1º de dezembro, com mandato de um ano, e realizará 130 reuniões nas cinco regiões do país ao longo dos próximos 12 meses.

    Abaixo, tire as suas dúvidas de um dos principais eventos diplomáticos e econômicos do mundo:

    Quem está no G20?

    A Cúpula do G20 (Grupo dos 20) reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana. A lista é composta por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia, representada pelo presidente da Comissão Europeia e pelo presidente do Conselho europeu, e União Africana. O grupo responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial.

    Criado originalmente em 1999 em resposta às crises financeiras do fim dos anos 1990, o G20 a princípio reunia os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de 19 países mais a União Europeia. O grupo se concentrou nos primeiros anos em questões macroeconômicas e depois expandiu a agenda para temas como desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, mudanças climáticas, transição energética e combate à corrupção.

    Desde a crise financeira de 2008, o G20 passou a trabalhar com outros organismos, países convidados e fóruns internacionais, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

    Quando e por que foi criado?

    O G20 começou suas atividades no ano de 1999, após uma sucessão de crises (México, em 1994; Ásia, 1997; e Rússia, 1998). Os ministros da Economia dos países membros do G7 decidiram criar um grupo maior, composto tanto por nações desenvolvidas quanto por economias em desenvolvimento.

    As reuniões de Ministros da Economia e presidentes de Bancos Centrais tinham como objetivo a cooperação entre os países para alcançar o desenvolvimento econômico estável e sustentável, além de possíveis propostas de financiamento. Os países membros não mudaram desde então.

    Entretanto, somente em novembro de 2008 ocorreu a primeira reunião com todos os membros do G20, em Washington, posterior à crise econômica do mesmo ano. Foi neste ano que os encontros passaram a reunir os líderes de Estado de cada país. As reuniões começaram em uma frequência semestral, passando a ser anual em 2011.

    Como são escolhidas as sedes das reuniões?

    A cada ano a sede das reuniões muda, assim como a presidência do G20. Este ano, o encontro acontece no Rio de Janeiro durante a presidência rotativa do Brasil, assumida em 1º de dezembro com mandato de um ano.

    No ano passado, o encontro aconteceu na Índia, que presidiu o G20. No ano que vem, a presidência estará com a África do Sul, que organizará a cúpula anual do grupo. Os dois países participam da organização da cúpula deste ano ao lado do Brasil por causa do sistema de “troika”.

    Qual a diferença entre o G7 e o G20?

    O G7 é composto por um grupo mais restrito de potências econômicas mundiais: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. A UE não é membro da cúpula, mas acompanha anualmente as reuniões como observadora.

    O G7 foi por muitos anos G8, quando a Rússia foi convidada para compor o grupo, em 1998. Em 2006, presidiu e sediou o evento. Quando os conflitos com a Ucrânia eclodiram em 2014, a Rússia foi expulsa da cúpula, que desde então voltou a ser G7.

    Qual é o principal objetivo do Brasil no G20?

    A presidência do Brasil no G20 acontece no momento em que o governo brasileiro busca aumentar o protagonismo do País na arena internacional. Ao longo do mandato, o governo brasileiro pretende debater temas como combate à fome, pobreza e desigualdade, reforma da governança global e desenvolvimento sustentável. O Brasil enxerga esses temas como prioritários e busca colocá-los “no centro da agenda global”, conforme afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao assumir a presidência do grupo.

    A presidência é considerada oportuna para o Brasil se apresentar como solução de um problema global no âmbito climático em um momento que também se prepara para receber a COP, a conferência da ONU para o Clima, em 2025, defendem Izabella Teixeira, Co-Chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU, e André Clark, vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina, ambos conselheiros do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) em artigo publicado no Estadão.

    “Quem não lidera o jogo irá seguir pelas regras de outros, que têm matriz energética muito menos vantajosa que a nossa”, alertam. “O Brasil é das poucas localidades onde as metas de zerar emissões podem se materializar antes de 2050. Não à toa, devemos iniciar o encontro dizendo o que precisa ser dito: somos a solução verde para o mundo.”

    O desafio, no entanto, é o atual momento do bloco. O G20 está marcado por divisões entre um bloco ocidental, composto por americanos e europeus, e um emergente, com russos e chineses. O Brasil pode reverter esse cenário recuperando a relevância do grupo à medida em que o modelo de multilateralismo das Nações Unidas se mostra limitado diante dos grandes conflitos.

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