Grupo ajuda moradores de rua a voltar ao mercado de trabalho
Discriminação. Essa é muita das vezes, a razão pelo qual algumas pessoas que passam as noites nas ruas não conseguem trabalho e, por isso, não conseguem se livrar do ciclo vicioso que se forma nas ruas: frio e fome. Apesar disso, algumas pessoas em Petrópolis se juntaram para tentar reorganizar a vida daqueles que estão dispostos a sair da rua e voltar a atuar no mercado de trabalho e conseguir um local digno para morar.
O grupo “Liga do Bem” foi formado há aproximadamente há três meses por André Lucas dos Santos, 27 anos. A vontade surgiu após o garçom encontrar um grupo na rua em uma noite fria. “Saindo do trabalh vi umas pessoas dormindo na rua em um dia em que o frio estava beirando o insuportável. Aquela imagem não saiu da minha cabeça e, ao chegar em casa, conversei com a minha esposa e disse que queria ajuda-los. A partir daí, arrecadei agasalhos e levei no outro dia para eles. Comecei na percorrer as ruas e a perguntar para as pessoas nessas condições que eu encontrava, o que elas estavam precisando. Fui falando com os amigos, conseguindo arrecadações e montamos um grupo”, disse André.
Hoje, a Liga do Bem conta com 35 pessoas. Elas se dividem em grupos para que em todos os dias da semana, os moradores de rua recebem a visita do grupo. “Montamos refeições, lanches, levamos água, biscoito, roupas e cobertas. Nos sentamos com eles, conversamos, comemos juntos. O mais importante é isso, atender às necessidades e fazer com que eles tenham confiança na nossa amizade”.
O trabalho do grupo já rendeu muitos frutos. Uma das pessoas conseguiu emprego, outro, conseguiu alugar uma casinha e sair das ruas. “É importante salientar que as pessoas chegam nessa condição de parar nas ruas por conta de dependência, depressão e problemas familiares. Mas tem outros que saem das suas cidades para procurar emprego e, ao não encontrar oportunidades e sem condição financeira para voltar, acabam ficando por aqui. Estamos sempre procurando emprego para eles, eles pedem para atuar como caseiros, serventes, pedreiros. Alguns tem formação. Conseguimos emprego para um deles que está muito bem. Outro, alugamos uma casinha. Rachamos o primeiro aluguel e hoje ele consegue se manter por conta própria”.
A Liga do Bem está sempre aceitando novos componentes. Para os que não podem participar efetivamente das visitas, André pede a doação de gêneros alimentícios. "O que mais precisamos no momento é de coisas fácieis para eles carregarem, como garrfas de água, biscoito, leite" Quem quiser ajudar a Liga pode entrar em contato através do telefone (24) 99314-3707 ou, ainda, enviar mensagens na página do facebook: www.facebook.com/liga-do-bem-petropolis
Núcleo de Integração Social atende 60 pessoas atualmente
Questionada sobre a quantidade de pessoas que moram nas ruas e são atendidas pelo poder público, a Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setrac) informou que realiza, constantemente, o trabalho de abordagem, tentando convencê-los a pernoitarem no Núcleo de Integração Social (NIS), mas eles se recusaram. Os moradores que costumam ficar na Rua Alencar Lima chegaram a estar no NIS e foram ressocializados (reinseridos no mercado de trabalho). Apesar dos esforços, eles não quiseram permanecer no emprego e se recusaram a voltar ao NIS. O NIS atende, atualmente, 60 pessoas.
Ainda segundo a Setrac, o trabalho de abordagem é realizado por uma equipe multiprofissional, com psicólogo e assistente social. Os profissionais buscam entender a realidade da pessoa e faz o encaminhamento para o Núcleo de Integração Social (NIS), no Alto da Serra. O espaço passou entre 2013 e 2014 por uma reforma completa, com melhorias nos dormitórios, telhado, lavanderia e pátio. No local, hoje, estão abrigadas cerca de 50 pessoas. A Setrac também mantém o Centro Pop, na Rua Floriano Peixoto, inaugurado pela Prefeitura em 2015. No local, as pessoas em situação de rua podem encontrar acolhimento durante o dia, além de atendimento social e psicológico. O Centro Pop também oferece à população em situação de rua área para banho, espaço para convivência, sala para leitura, atividades pedagógicas e palestras. Quando necessário, as pessoas atendidas no Centro Pop são encaminhadas ao Núcleo de Integração Social (NIS), no Alto da Serra.
A Setrac esclareceu também que algumas das pessoas em situação de rua em Petrópolis recusam o abrigo. Há, ainda, moradores de outras cidades. Nesse caso, a Setrac busca o contato com as Prefeituras dos municípios de origem, para que façam trabalho de restabelecimento de vínculo junto às famílias.