Greve: professores decidem continuar com o movimento
Os professores estaduais decidiram na última quinta-feira pela continuidade da greve que atinge milhares de alunos em dezenas de escolas da rede pública do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada após longa assembleia realizada entre os profissionais da classe no bairro das Laranjeiras, capital fluminense
No encontro com a presença do secretário de governo Afonso Monerat os representantes do Sepe, sindicato estadual dos professores, cobraram uma posição do Estado a respeito das reivindicações da classe, como a garantia de 1/3 da carga horária para o planejamento de aulas, além do pagamento por enquadramento, regularização do calendário de pagamento e reajuste salarial. Além disso, o sindicato também exigiu que o governo faça um documento sobre a posição oficial sobre cada um destes pontos para que o sindicato possa apresentar em reuniões futuras.
Com mais de dois meses de paralisação, em Petrópolis as escolas funcionam parcialmente. Segundo os próprios professores, o movimento hoje na ciadde tem pelo menos 40% de adesão. A Tribuna entrou em contato com todas as unidades estudantis da rede estadual na cidade. Entre elas, o Colégio Estadual Rui Barbosa (CERB) no Alto da Serra, o Irmã Cecília Jardim, na Estrada da Saudade, e o C.E. Cardoso Fontes, no Bingen. Em todos eles faltam diversos professores de disciplinas como geografia, português, matemática e língua estrangeira. De todas as escolas da rede, situadas em Petrópolis, apenas o Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) 137 – Cecília Meirelles ainda não teve as aulas retomadas. Conforme noticiado ontem pela Tribuna, a unidade ainda está sendo desocupada pelos estudantes que acamparam no prédio reivindicando melhorias. Segundo os funcionários, a previsão é de que as aulas sejam retomadas na segunda-feira, mas ainda deve haver falta de professores. “A greve continua. Hoje estamos aqui apenas para um processo de limpeza. A partir de segunda os alunos já podem vir, mas vai ter aula de acordo com o número de professores presentes”, completou uma funcionária, que preferiu não ser identificada pela reportagem.
Para os professores que ainda estão de braços cruzados, a luta continua. “Nós sabemos que os alunos estão sendo prejudicados, mas para toda vitória é preciso fazer algum sacrifício. Prejudicados eles estarão sempre se o governo continuar desvalorizando os professores desse jeito. A gente não tem um pingo de reconhecimento. Você faz o seu trabalho e não recebe por isso? Esse é o nosso limite. Não tem como ser voluntário”, disse Roberta Lins, petropolitana e professora da rede estadual.
Um novo encontro deverá ser realizado na próxima terça-feira, 7, para que o documento solicitado seja apresentado ao Sepe. Para os representantes do movimento grevista, a data será decisiva. "O movimento começou com 70%, perdeu adesão mas se mantém em pelo menos 50% a nível estadual. Na terça-feira a reunião vai ser decisiva. Se a proposta for boa, a greve vai acabar com a greve e voltar às atividades. Mas se o governo não entrar num consenso o movimento promete ganhar maior adesão", completou Alfredo Dias Farias, membro do Sepe de Petrópolis.
O governo do Estado informou que também vai receber na terça-feira os estudantes que fazem parte de movimentos de ocupação, para que suas propostas sejam ouvidas. Enquanto os professores e o governo não chegam num acordo, a greve continua por tempo indeterminado.