• Governo tenta atrair investidor de fora para leilão de estradas federais

  • 11/01/2022 08:46
    Por Amanda Pupo / Estadão

    A meta do Ministério da Infraestrutura de realizar o leilão de 14 rodovias em 2022, ano eleitoral, enfrentará um desafio proporcional ao montante de investimentos que o governo quer contratar, que ultrapassa R$ 80 bilhões. A cifra expressiva coloca dúvidas sobre a capacidade da pasta de promover leilões concorridos, pois o mercado nacional é concentrado em poucos grupos. Entre eles, boa parte arrematou rodovias com alta necessidade de investimento nos últimos anos, o que limita um avanço agressivo nos próximos leilões.

    Diante do cenário, o governo intensificou o esforço para que empresas e fundos estrangeiros entrem no mercado. O trabalho é reforçado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que quer consolidar um tipo de financiamento em 2022 para diversificar o perfil e a quantidade de interessados.

    Entre os leilões programados pelo Ministério da Infraestrutura estão projetos de grande porte, como a administração da BR-381/262, entre Minas e Espírito Santo, conhecida como “Rodovia da Morte”, que vai cobrar um investimento de mais de R$ 7 bilhões. No Paraná, a concessão de seis lotes de rodovias é outro empreendimento que chama atenção no setor, com exigência de desembolso na casa de R$ 44 bilhões.

    O governo reconhece o desafio. “Não vamos ver todo mundo entrando em todos os leilões”, afirmou ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a secretária de Planejamento, Desenvolvimento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa.

    Demandas

    O governo entendeu melhor as demandas e temores de investidores estrangeiros em dois roadshows realizados no fim do ano passado, que cobriram Estados Unidos e países da Europa e do Oriente Médio. Segundo Marcassa, grande parte dos apontamentos já foram implantados pelo governo. Para reduzir a alta no preço dos insumos, por exemplo, o ministério estabeleceu uma cesta de índice de reajuste de contrato que reflete mais a inflação do setor.

    Outro ponto é o financiamento dos projetos, discussão alinhada com o BNDES. O banco quer consolidar neste ano o chamado “project finance”, financiamento que pode ser acionado quando as garantias do empréstimo são sustentadas pelo próprio projeto. Hoje, geralmente, as garantias estão atreladas ao balanço das companhias, o que limita a capacidade de tomada de empréstimo pelas empresas.

    A virada de chave, portanto, está amparada na consolidação de bons projetos de infraestrutura, capazes de suportar as próprias dívidas. Além de atrair empresas estrangeiras, esse tipo de projeto abre espaço para fundos de investimento e companhias nacionais de menor porte. No BNDES, a avaliação é de que os projetos que estão sendo colocados na praça, com o auxílio da estruturação do banco, comportam esse tipo de financiamento.

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