• Governo pede mais três dias de prazo ao STF para concluir acordo sobre a desoneração

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  • 12/set 01:01
    Por Mariana Carneiro, Iander Porcella, Victor Ohana e Bianca Lima / Estadão

    A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu na madrugada desta quinta-feira,

    12, uma prorrogação de três dias no prazo para a conclusão do acordo sobre a desoneração da

    folha de pagamento. A petição foi encaminhada ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal

    Federal (STF), após a Câmara ultrapassar o limite dado pelo magistrado para que o Congresso e

    o governo encontrassem fontes de compensação para a renúncia fiscal da desoneração.

    O prazo terminava nesta quarta-feira, 11. O texto-base do projeto de lei da desoneração foi

    aprovado a três minutos do fim do dia, às 23h57, com 253 votos favoráveis, 67 contrários e

    quatro abstenções. A votação dos destaques (tentativas de alteração no texto principal),

    contudo, ultrapassou o limite e se estendeu pela madrugada. A petição entrou no sistema do STF

    às 00h13 desta quinta.

    “Requer-se, respeitosamente, a prorrogação do prazo de suspensão do feito e de prospecção dos

    efeitos da decisão suspensiva da eficácia da medida cautelar por mais excepcionais 3 (três)

    dias úteis, unicamente para finalização do trâmite legislativo na fase regulada pelo artigo 66

    da Constituição (sanção/veto)”, diz a petição, assinada pelo ministro da AGU, Jorge Messias.

    Depois da aprovação no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda precisa

    sancionar o projeto da desoneração. Durante a votação no plenário, deputadas de oposição, como

    Bia Kicis (PL-DF) e Adriana Ventura (Novo-SP), recorreram a tentativas de obstrução, com

    discursos contrários ao governo e à reoneração, o que atrasou a conclusão da análise do texto.

    A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), que havia sido nomeada como relatora do texto, abriu mão

    de assinar o parecer durante a análise do plenário. A função ficou com o líder do governo na

    Casa, José Guimarães (PT-CE). Em uma fala na tribuna, Ortiz fez críticas ao governo por ter

    recorrido ao STF para dar fim à desoneração da folha.

    “O Partido dos Trabalhadores quer onerar cada vez mais quem gera emprego e renda”, declarou.

    “Como empresária e advogada, gostaria de pedir permissão para devolver a relatoria. Eu quero

    devolver a relatoria.”

    “José Guimarães, eu gostaria que o senhor, como líder do governo, assinasse essa chantagem que

    nós estamos vendo hoje aqui, porque, pela minha história, pelos meus princípios, pelo que me

    guiou até aqui hoje, eu infelizmente não tenho como assinar esse relatório dessa forma como

    foi feita”, emendou.

    A proposta mantém a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios em 2024, com

    uma série de medidas de compensação para a renúncia fiscal neste ano, mas prevê a reoneração

    gradual a partir de 2025. O texto, alinhavado na noite da quarta-feira, 11, pela equipe

    econômica e pelas lideranças da Casa, trouxe uma nova redação em relação à versão aprovada no

    Senado – a mudança, no entanto, foi considerada como um ajuste de redação e, por isso, o

    projeto não terá de passar por nova análise dos senadores.

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