• Governo dos EUA vê dependência da China como um grande risco geopolítico

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  • 23/06/2023 14:59
    Por Estadão

    A China tem muitas armas que lhe dão vantagens geopolíticas, como o poderio militar e um vasto mercado consumidor. A maior preocupação dos Estados Unidos em relação ao país asiático, porém, é outra: a posição central da China nas cadeias de suprimentos globais.

    O país asiático é responsável por quase 20% das exportações manufatureiras do mundo, pela produção de 66% das baterias de íon de lítio usadas em veículos elétricos, 86% dos minerais de terras raras e por 77% dos drones, de acordo com a União Europeia. A China também se tornou um fornecedor chave de ingredientes farmacêuticos ativos e do neônio utilizado para fabricação de semicondutores, por exemplo.

    Por isso, a Representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, criticou o livre comércio e argumentou que ele ajuda a aumentar a dependência mundial em relação à China, em discurso feito na última semana. Ela afirmou ainda que tratados de comércio anteriores contribuíram para que “uma quantidade significativa de produtos viessem de países que não faziam parte do acordo” e que “essas regras beneficiam justamente as nações que utilizam a competição desleal para se tornarem centros de produção”, sem citar nominalmente a China.

    Tai ainda pontuou que “as regras da cadeias de suprimentos desses acordos reforçam aquelas cadeias que são frágeis e deixam os Estados Unidos vulneráveis”. Essa dependência de Pequim é algo que poderia ser usado como retaliação contra o Ocidente no caso de um aprofundamento na tensão em Taiwan, por exemplo. Países como Holanda, Japão e Canadá detêm a maior parte do fornecimento de semicondutores, mas não são uma ameaça à segurança dos EUA.

    O presidente americano, Joe Biden, dedicou parte de seus esforços na política externa para contornar esse problema. Cultivou laços com a Índia, que pode se tornar uma alternativa à China nos produtos manufaturados, e negociou acordos de minerais com a Europa. Apesar disso, o governo dos Estados Unidos quer evitar antagonizar de maneira desnecessária com Pequim e não quer ratificar as acusações de que Washington segue com uma mentalidade da Guerra Fria. Fonte: Dow Jones Newswires.

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