• Gonzaga Duque, vida e obra

  • 15/03/2019 10:30

    Luís Gonzaga Duque Estrada nasceu e faleceu no Rio de Janeiro (1863-1911). Foi o mais importante ficcionista do Simbolismo e exerceu atividade jornalística, principalmente em revistas que fundou ou nas quais colaborou. Sua prosa é essencialmente marcada pelos traços pictóricos, caracterizando-se pela riqueza imagética própria do Simbolismo. Seu romance Mocidade morta (1899), ainda lido atualmente, é valioso como retrato da mocidade boêmia da época e a morbidez de seus escritos denota-lhe a origem estética e lírica, sem jamais apelar para o inconveniente. É também autor de obras sobre a vida das belas-artes (Arte brasileira, 1887), e de dois volumes de ensaios e crônicas (Graves & frívolos, 1910; e Contemporâneos, póstumo, 1929), além da prosa poética de Horto das mágoas (póstumo, 1914). Foi de fato nosso primeiro mestre da crítica de artes, e teve a admiração e o respeito de ninguém menos que Cruz e Sousa. Muito expressiva é igualmente sua correspondência, sobretudo as cartas dos amigos e poetas simbolistas Emiliano Perneta e Dario Vellozo. 

    Gonzaga Duque foi uma sensibilidade voltada para a natureza, ou, como diríamos hoje, um conservacionista, quase um ecologista avant la lettre. O ensaio de Vera Lins, A estratégia do franco-atirador (1991), mostra o panorama cultural da época, nos primeiros anos da república, onde os intelectuais – sobretudo os simbolistas – sentiam a ameaça de uma sociedade que ia perdendo o contato com a criação no plano da arte, substituindo o interesse espiritual pelos objetivos puramente materiais. Tal situação provocou a reação de Gonzaga Duque, que a combateu através de suas colaborações em revistas, sofrendo com as injustiças que o magoavam, principalmente as de José Veríssimo, que arrasou a Mocidade morta… E impressionou-se muito com a morte, na miséria, de um amigo, maestro e compositor Inácio Porto Alegre. No seu ensaio, Vera Lins expõe todos esses transes e como, diante deles, Gonzaga Duque se tornou uma pessoa triste e desiludida. Podemos ver tudo isto pela publicação, em apêndice ao livro de Vera Lins, do diário de Duque, Meu Jornal, excelente pela compreensão do escritor e de sua época. Vale a pena a leitura do melhor prosador do nosso Simbolismo.

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