• Estelionatário se passa por agente da vigilância sanitária e aplica golpe em pizzaria de Petrópolis

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  • 12/07/2022 15:23
    Por Helen Salgado

    Os golpes na internet estão cada vez mais recorrentes na vida dos brasileiros. Agora, os criminosos estão com uma nova tática: os golpes em estabelecimentos. A Speciale, uma rede de pizzarias que possui unidade em Petrópolis e em Três Rios, foi alvo dos criminosos na última semana. Se apresentando como agente da vigilância sanitária, o golpista conseguiu enganar uma funcionária e conseguiu acesso à conta de WhatsApp do estabelecimento. Fingindo ser um funcionário da pizzaria, o golpista fez com que vários clientes fizessem o pagamento das entregas via pix para a conta falsa. 

    Ariane Berião é proprietária da pizzaria e conta sobre a situação que viveram na noite de sexta-feira (8). “Uma de nossas funcionárias atendeu uma ligação a qual o indivíduo se identificou como sendo profissional da Vigilância Sanitária. A atendente informou que o responsável não se encontrava no momento e o indivíduo começou a dialogar de forma a ludibriá-la. Começou a perguntar se a pizzaria tinha totem de álcool em gel e tapete sanitizante. Ela informou que essas informações seriam somente com a gerente. O indivíduo informou que iria realizar uma inspeção no dia 17 de julho, às 17h, e perguntou se a pizzaria tinha um WhatsApp comercial para enviar todo o procedimento por lá”, conta.

    A funcionária passou o número do WhatsApp e logo em seguida, o indivíduo pediu para que ela pegasse um papel e caneta para anotar o agendamento. O homem informou que a atendente eletrônica dele iria ligar para o número que ela havia informado para passar um código de confirmação da ligação. No mesmo momento, o celular tocou e ela informou o código. Logo em seguida, o homem encerrou a ligação. Somente quando as atendentes precisaram utilizar o WhatsApp, viram que o aplicativo estava deslogado dos computadores e do celular. Após o ocorrido, a funcionária imaginou que tivesse caído no golpe e que os números fornecidos por ela, eram do código de verificação do WhatsApp.

    Ariane conta que elas tentaram resgatar a conta, mas que não obteve sucesso já que os golpistas já haviam feito a verificação de duas etapas com os dados deles. Após ter certeza de que estavam sendo vítimas de um golpe, Ariane se dirigiu à 106ª Delegacia Policial para buscar uma orientação e fazer o registro de ocorrência, no entanto, ela contou que na delegacia não deram muita importância para o caso. “Fui informada que a delegacia estava com alta demanda e que não poderiam me atender. Informei que já tinham clientes da pizzaria caindo no golpe e efetuando pagamentos por Pix aos golpistas, mesmo assim, fui orientada a realizar o boletim online”, diz a proprietária da pizzaria.

    Nesta segunda-feira (11), Ariane realizou o boletim de ocorrência de forma online que já está em processamento na 106ª DP. Em busca de alertar os clientes, Ariane postou em todas as redes sociais sobre o que estava acontecendo. No momento em que informou sobre o golpe, diversos clientes disseram que haviam feito o pagamento via Pix. A empresa, que nunca trabalhou com essa forma de pagamento, teve diversos clientes caindo no golpe. “Mediante o ocorrido, tentamos contato com a plataforma de WhatsApp, mas não tinha o que fazer e nem bloquear a conta, já que a verificação de duas etapas tinha sido feita recentemente pelos golpistas. Somente daqui a sete dias é que poderíamos tentar resgatar a conta com um novo código de verificação”, relata.

    Cerca de cinco clientes caíram no golpe, Ariane conta que cada pedido variava em torno de R$89 a R$96, que eram os valores dos combos oferecidos pela pizzaria. A empresária diz que o grupo de golpistas é tão convincente que, durante o atendimento, até perguntavam ao cliente se ele desejava refrigerante Coca Cola.

    Embora o momento fosse de tensão, Ariane conta que surgiram oportunistas para tentar enganar os atendentes da pizzaria. “Eles perguntaram como ficaria o pedido deles porque tinham caído no golpe. A gente solicitava o comprovante de pagamento feito para os golpistas pra gente anexar no R.O e eles já não mandavam o comprovante porque não tinham realizado o pagamento”, diz.

    Segundo a advogada especialista em direito processual civil e direito constitucional, Isabel Alves, esse tipo de crime entra na categoria de estelionato. Ela explica que, de acordo com a Lei 14.155/21, a prática de fraudes, estelionatos, invasão de dispositivos com o intuito de furtar, apagar ou alterar dados nos meios digitais, incluindo os golpes via WhatsApp, pode resultar em uma condenação de quatro a oito anos de prisão.

    Isabel, advogada que está acompanhando o caso, diz que os “golpes do WhatsApp” já se tornaram bastante conhecidos e divulgados no meio social. Ela afirma que é fundamental que os usuários do aplicativo estejam sempre atentos e protegidos, a fim de evitar danos maiores. Por isso, todos ao utilizar o aplicativo, em qualquer situação, seja para realizar um pedido, responder uma solicitação devem agir com extrema prudência e precaução.  

    Como proceder nessas situações?

    A profissional afirma que é importante que a vítima avise seus contatos imediatamente. “Utilize as redes sociais ou site do estabelecimento, ou qualquer outro meio que disponha para comunicar seus clientes. É fundamental que a empresa avise aos clientes que outra pessoa provavelmente está utilizando a sua conta”, diz.

    Ela continua dizendo que após fazer o comunicado, é imprescindível que a vítima entre em contato com a operadora de telefonia e peça a suspensão temporária da linha telefônica clonada. Feito isso, o número deixará de funcionar em poucos minutos. Em seguida, solicite a transferência da linha comprometida para outro chip.

    “Por último, a vítima deve providenciar o registro do boletim de ocorrência, para se resguardar, já que dependendo do tipo de golpe, o golpista pode ter tido acesso  a dados pessoais, o que pode gerar prejuízos financeiros, dentre outros”, conclui a advogada.

    O registro do Boletim de Ocorrência pode ser feito presencialmente ou pela internet no seguinte endereço: https://roonline.pcivil.rj.gov.br. Em Petrópolis a orientação da Polícia Civil é realizar o boletim de ocorrência online.

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