Golpe novo na praça usa foto de perfil e descrição no WhatsApp para criar conta fake e pedir dinheiro para terceiros

Para muita gente, é comum deixar visível a foto de perfil no aplicativo de mensagens WhatsApp e até uma frase, que se resume em pequena biografia, para os conhecidos. Mas esses e outros dados que são disponibilizados naturalmente pelos usuários na internet podem estar sendo usados por golpistas. O estelionatário utiliza a foto e os dados pessoais informados publicamente no Whatsapp do titular, cria uma nova conta utilizando essas informações e entra em contato com familiares e amigos pedindo a transferência de valores.

O advogado e professor de Direito e Tecnologia da Escola Superior de Advocacia, Rodrigo Gomes, explica que golpes como esse tem sido cada vez mais comuns em razão de algumas informações estarem muito facilmente acessíveis na internet.

“Hoje em dia é muito fácil ter o número de telefone do titular, porque ele coloca em diversas fontes que são acessíveis. E fazer o link com o número de telefones de parentes não é tão difícil assim para muita gente. A exemplo de pessoas que tem um comércio e coloca o dado de contato que é mesmo telefone pessoal. Criminosos acabam cruzando informações que são publicamente acessíveis e que muitas vezes são compartilhadas pelo próprio titular para fins ilícitos”, explica Rodrigo.

Nomes, telefones, endereço e até dados sobre documentos pessoais ainda são facilmente acessados na internet. Muitas empresas usam esses dados pessoais em diversas situações como para compras na internet, perfil em aplicativos, entre outros. Mas a Lei Geral de Proteção dos Dados (lei nº 13.709/18) que entrou em vigor no ano passado, obriga que essas empresas adotem medidas seguras e efetivas para garantir que as informações de seus usuários não sejam vazados.

Em relação ao WhatsApp, há uma discussão sobre as Políticas de Privacidade do aplicativo, que em breve deve ser atualizada. Embora as mensagens continuem sendo criptografadas sem possibilidade de compartilhamento, as informações como as que foram extraídas da vítima do golpe podem ser compartilhadas caso o usuário não altere as configurações de privacidade.

“A LGPD diz que todos os dados pessoais, tudo aquilo que possa identificar uma pessoa física tem que ser protegido. Tudo tem que ser tratado com segurança, dentro de uma finalidade específica com transparência. A questão da segurança é muito emblemática, e obriga os agentes de tratamento a adotarem medidas de segurança efetivas para proteger os dados pessoais”, disse Rodrigo.

O que fazer se você suspeitar que seus dados foram vazados

Rodrigo alerta que caso o titular desconfie de que foi vítima de um crime virtual de acesso indevido e vazamento de dados deve fazer o registro em uma Delegacia, o crime tem pena prevista na lei de crimes de informática.

Já em relação à LGPD, se o titular conseguir demonstrar que, por falha de segurança do controlador dos dados, houve vazamento de informações, o titular pode processar a empresa.

“Se você conseguir demonstrar que aquele controlador dos seus dados, o Whatsapp ou o site de marketplace contribuiu para aquele vazamento, seja porque ele não adotou medidas de segurança e teve uma falha no sistema que expos os dados indevidamente, é possível processá-lo. Pode ir na Justiça contra o controlador desses dados e pedir ressarcimento dos danos que sofreu”, disse

Mas Rodrigo alerta que é bem difícil conseguir provar essa informação. “É difícil porque nossos dados estão distribuídos em muitos lugares, como sites de compra, por exemplo. O difícil é conseguir chegar naquele controlador em que ocorreu a falha”.

Como proteger os dados seus dados na internet

Não é a solução, mas ajuda a dificultar a ação de golpistas. A Polícia Civil e o Procon RJ elaboraram uma cartilha com os principais crimes virtuais e dá orientações sobre como o cidadão pode se proteger e evitar cair em golpes na internet. A cartilha com informações está disponível clicando neste link.

Já no WhatsApp, confira as principais dicas para proteger sua conta:

• Ative a confirmação em duas etapas e forneça um endereço de e-mail para que você possa redefinir seu PIN caso esqueça. E não compartilhe as informações de duas etapas com ninguém;
• Defina uma senha para seu aparelho;
• E controle quem vê suas informações como a foto de perfil e status.