Gilmar: ‘disse para Moro que ele e Dallagnol roubavam galinhas juntos’
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse nesta terça-feira, 11, que falou para o senador e ex-juiz Sérgio Moro (União-PR), durante uma reunião particular, que ele e o ex-deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo-PR) “roubavam galinhas juntos” durante a condução da Operação Lava Jato. A fala do magistrado ocorreu quando a Segunda Turma do STF julgou uma reclamação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o encerramento de uma ação contra a empreiteira Queiroz Galvão.
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“Eu, até num encontro muito divertido que tive não faz muito tempo com o senador Sérgio Moro, eu tive a oportunidade de dizer isso a ele, usando uma expressão do nosso mundo rural, que há muito tempo eu já falava e denunciava que ele e Dallagnol roubavam galinhas juntos. É uma expressão lá do meu Mato Grosso muito voltada para uma época da vida muito rurícula”, disse Gilmar.
Ao Estadão, Moro disse que não irá se pronunciar sobre a fala de Gilmar. A equipe de reportagem também procurou Dallagnol, mas não obteve retorno.
Moro e Gilmar Mendes se encontraram no gabinete do ministro no início de abril. De acordo com o senador, a conversa foi “acalorada” e o magistrado “teve resposta” a tudo o que ouviu.
“Foi uma conversa, de fato, ‘acalorada’. Não vou entrar em detalhes pois foi uma conversa privada, mas nós conversamos e tudo que ele falou teve a sua resposta, na tentativa de abrirmos um espaço para diálogo”, disse Moro ao podcast Estadão Notícias.
Moro é réu no STF por suposta calúnia contra Gilmar Mendes
No último dia 4, Moro se tornou réu no STF após supostamente caluniar Gilmar Mendes. O caso em questão se refere a um vídeo de oito segundos, gravado em uma festa junina, em que o ex-juiz da Lava Jato aparece falando sobre “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”.
A denúncia foi feita pela PGR e estava parada desde maio do ano passado. Moro pode responder criminalmente por calúnia e, caso condenado a mais de quatro anos de prisão, poderá perder o mandato de senador.
Desde que a gravação veio a público, em abril de 2023, o senador negou em diversas ocasiões qualquer acusação ao ministro. Ele diz que não teve a intenção de ofender o decano do STF e que a declaração foi uma “brincadeira” tirada de contexto por “pessoas inescrupulosas”.
Na tribuna do STF, o advogado Luís Felipe Cunha, que representa Sérgio Moro, afirmou que a expressão foi “infeliz”, “em um ambiente jocoso”, mas argumentou que não foi o senador quem editou e espalhou o vídeo nas redes. A defesa também disse que Moro tem um “imenso respeito” por Gilmar Mendes e não o acusou de vender sentenças. “Foi uma brincadeira”, disse o advogado. “Nenhum fato determinado foi atribuído ao ministro”, completou.
No julgamento desta terça-feira, a Segunda Turma analisou um pedido da PGR contra uma decisão de Gilmar que encerrou um processo criminal que acusava o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) de receber propinas da Queiroz Galvão.
A denúncia já havia sido rejeitada pela Segunda Turma do STF por falta de provas em agosto de 2021. Para a PGR, o processo contra a Queiroz Galvão não pode ser encerrado devido ao trancamento da ação contra Eduardo da Fonte.
Durante um voto de mais de uma hora, onde defendeu a rejeição do pedido da PGR, Gilmar Mendes criticou a atuação do Ministério Público Federal no Paraná, então liderado por Deltan Dallagnol, e da 13º Vara Federal de Curitiba, chefiada na época por Moro, durante a Operação Lava Jato.
Após o voto de Gilmar, o ministro André Mendonça pediu vista (mais tempo para analisar o processo) e paralisou o julgamento.