• Gêneros textuais

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  • 22/10/2017 08:00

    São frequentes as dúvidas dos estudantes sobre a questão dos gêneros e tipos textuais. Atualmente as universidades priorizam, nos vestibulares, as dissertações argumentativas em prosa. Quando o candidato não atende à modalidade solicitada, geralmente é desclassificado. 

    Os gêneros textuais são amplos, apresentam características específicas. Entre eles, encontramos os dissertativos: editorial jornalístico, carta de opinião, resenhas, artigos, ensaios, monografias, teses de mestrado. Diferem dos narrativos. Nestes, temos a crônica, o romance, a novela, contos, fábulas…

    Há também os gêneros descritivos, entre os quais, estão as listas de compras, cardápios, retratos falados, folhetos turísticos, relatos biográficos…

    Diante da abordagem desse assunto, aproveito a oportunidade para dizer que não se deve confundir artigo de opinião, que pertence ao gênero dissertativo, com a crônica, que pertence ao gênero narrativo. São textos com características diferentes. Como ambos são publicados em jornais, revistas, sites, ou seja, são veiculados nos meios de comunicação de massa, há certa confusão. 

    No artigo de opinião, o autor defende um ponto de vista, estabelece uma argumentação persuasiva para fundamentar a sua tese. Por isso, para melhor entendimento do leitor, é importante estabelecer a introdução, que consiste na apresentação do tema; o desenvolvimento que se refere à parte argumentativa e, na conclusão, devem constar soluções para o problema abordado. A presença de um raciocínio lógico e coerente é imprescindível.

    A crônica é mais versátil, apresenta uma flexibilidade literária, transita entre diversos gêneros textuais, explora o humor, a ironia, favorece o uso da linguagem coloquial, tanto no âmbito da conotação quanto na denotação, além de poder penetrar no espaço da ficção.

    O ponto de convergência entre o trabalho do cronista e do articulista está na realidade. Ambos têm o tempo presente como matéria-prima. Esse olhar sobre o que acontece no dia a dia difere o posicionamento entre eles. Essa é uma das riquezas da linguagem, permite que o mesmo fato possa ser abordado por diversos ângulos, utilizando diversos códigos. E, pelas diversidades das abordagens, é possível discernir a Arte da Ciência.

    Inquestionavelmente, deve-se ao filósofo russo Mikhail Mikhailovich Bakhtin esse estudo da linguagem fundamentado no dialogismo, que vai além da análise estrutural da língua.  Foi ele também que evidenciou a polifonia na obra de Dostoievski. Fato este que ampliou os estudos da Metalinguística. Esse ilustre pensador afirmara:

    “Essa cadeia ideológica estende-se de consciência individual em consciência individual, ligando umas às outras. Os signos só emergem, decididamente, do processo de interação entre uma consciência individual e uma outra. E a própria consciência individual está repleta de signos. A consciência só se torna consciência quando se impregna de conteúdo ideológico (semiótico) e, consequentemente, somente no processo de interação social.” 

    Nenhuma sociedade se desenvolve sem linguagem, até os animais utilizam uma forma de comunicação. Mas só os homens são capazes de criar símbolos. Estes trazem uma carga ideológica. Por isso é preciso usar a palavra de maneira responsável, para não provocar discórdia, nem ferir ninguém. Quem se propõe a ser operário dela deve usá-la sem vaidade, sem prepotência, porque assim é mais fácil construir a paz. Quanto mais eu aprendo a encontrar a riqueza das palavras, mais cresce a minha admiração por Jesus, o Verbo que se fez carne.

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