Galípolo: BC quer entender razões da desancoragem para endereçar o problema de forma eficiente
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira, 26, que a instituição pretende entender as razões da desancoragem das expectativas de inflação para tratar o problema de forma eficiente. “A função do BC não é debater desancoragem, é combater”, disse, em entrevista coletiva para comentar o Relatório de Política Monetária (RPM) do segundo trimestre ao ser questionado o motivo de o mercado ainda não reduzir suas estimativas para a inflação.
“A gente teve um momento de desancoragem parcial e que a gente estava tentando entender o que estava acontecendo. E depois a gente passou para uma reação”, disse Galípolo.
Segundo ele, não é possível determinar com segurança que houve piora com a mudança na composição do Copom. “O Banco Central quer entender os motivos ou as razões que podem entrar (nas expectativas) para endereçar o problema da maneira mais eficiente possível, mas, no final do dia, a função do Banco Central não é ficar debatendo por que está desancorada. A função do Banco Central é combater a desancoragem do equilíbrio.”
‘Postura agnóstica’
O presidente do BC disse ainda que a “postura agnóstica” do BC, de consumir dados e esperar uma consolidação mais forte de tendência, tem se demonstrado benéfica para não agregar volatilidade ao processo.
Galípolo também reiterou que “de maneira nenhuma” conduz as reuniões do Copom, enfatizando que o comitê é um colegiado. Neste sentido, as decisões do Copom são colegiadas e os votos expressam a opinião de cada um dos participantes. “O diálogo é super rico, sou privilegiado de ter com diretores como Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC e essa troca de ideias”, disse
Período prolongado de juros altos
O presidente do Banco Central se negou a mensurar qual seria o período considerado pela instituição como “bastante prolongado” de juros altos, que vem citando em seus comunicados oficiais. Também evitou criar rusgas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que declarou esta semana que a alta da Selic da reunião do Copom passada foi contratada ainda na gestão do antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto. “Não vamos responder quanto tempo é um período bastante prolongado de juros altos”, disse em um momento. “Não vou dar nenhuma frase para me colocar contra Haddad ou contra o governo”, falou em outro.
Galípolo disse que entende que essas perguntas precisam ser feitas pelos jornalistas, mas que, ao mesmo tempo, ele não tem obrigação de respondê-las. Sobre a fala de Haddad, o presidente do BC ressaltou que a imprensa busca algum tipo de frase que possa colocá-lo contra o governo. “Mas infelizmente eu não vou dar essa frase também”, afirmou.
O presidente do BC disse que vem falando sobre a generosidade de seu antecessor desde dezembro do ano passado. “Então, faz seis meses que dou esta resposta”, afirmou, lembrando que a decisão do colegiado na ocasião – de aumentar a Selic em 1 ponto porcentual e contratar mais duas altas da mesma magnitude – foi unânime e que, portanto, também contou com o seu voto.
“Eu também estava participando. Então, eu reafirmo a mesma resposta que eu dei nos últimos seis meses. Não tem nenhum tipo de mudança na minha resposta. Eu entendo perfeitamente essa tentativa de ver se alguma coisa mudou, mas não mudou”, garantiu Galípolo. “Entendo a necessidade de que ela seja feita várias vezes para ver se escapa alguma coisa que pode dar um headline legal. Mas eu vou ficar devendo essa para vocês.”