G20 reúne no Rio chanceleres de EUA e Rússia, mas sem China, Índia, Itália e Austrália
O encontro de ministros das Relações Exteriores do G20 reúne autoridades de 28 países e 15 organizações internacionais, entre elas a União Africana e a União Europeia, no Rio. Eles chegaram à Marina da Glória sob forte esquema de segurança, com batedores da Polícia Rodoviária Federal e sobrevoo de helicópteros.
A reunião discute a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e entre a Rússia e a Ucrânia, no Leste Europeu. Por causa da divisão que marca as controvérsias as entre potências, o governo brasileiro busca formas de concentrar as discussões na realização da Cúpula de Líderes, a ser realizada em novembro.
Nesse sentido, o Itamaraty quer evitar impasses e desistiu de tentar elaborar uma declaração consensual subscrita pelos ministros e representantes dos países.
O encontro de dois dias terá enviados das principais potências do mundo, mas nem todos os chanceleres vieram. Quatro países não enviaram chanceleres: China, Índia, Itália e Austrália.
Dos cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, somente a China decidiu enviar um representante de menor escalão. Wang Yi, chanceler chinês, visitou o Brasil em janeiro. Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França despacharam ao Rio seus ministros de Relações Exteriores.
A Índia, última organizadora do G20 em 2023, também não enviou o ministro Subrahmanyam Jaishankar, que tem compromissos políticos no país. China e Índia são, respectivamente, segunda e quinta maior economia do mundo, e somam as maiores populações, com ligeira vantagem dos indianos, mas ambos na casa de 1,4 bilhão de habitantes cada.
Os chanceleres da Itália, Antonio Tajani, e da Austrália, Penny Wong, não vieram ao Rio – no caso da australiana, por razões de saúde de sua mãe.
Dos países convidados, a organização não divulgou representantes do Uruguai e dos Emirados Árabes Unidos. Os uruguaios, no entanto, enviaram uma delegação ao Rio.
O encontro de chanceleres é a primeira grande reunião do principal fórum de cooperação econômica e financeira do mundo, com representação das maiores e mais industrializadas economias. Segundo a organização, atualmente o G-20 representa 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
Na tarde desta quarta-feira, dia 21, os ministros vão compartilhas visões sobre a conjuntura global, e na manhã de quinta-feira, dia 22, pretendem discutir a reforma das instituições de governança global, sobretudo as Nações Unidas e o Conselho de Segurança e instituições financeiras, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O tema é uma das prioridades estabelecidas pelo Brasil, ao lado do combate à fome e à pobreza, transição energética, mudança do clima e desenvolvimento sustentável.
O encontro será presidido e aberto pelo ministro Mauro Viera. Somente o discurso inaugural do chanceler brasileiro será transmitido, reiterando mensagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O argumento da organização brasileira é que essa costuma ser a praxe no G20.
O modelo amplifica a exposição de autoridades do país que preside o fórum temporariamente, mas acaba por ocultar manifestações divergentes e discordâncias entre o grupo. As divisões se tornaram mais recorrentes recentemente, sobretudo com as guerras entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no Oriente Médio, e entre Rússia e Ucrânia, no Leste Europeu.