Franco-argelina impressiona e conquista 1ª medalha olímpica do continente africano na ginástica
A franco-argelina Kaylia Nemour, de 17 anos, brilhou na Arena Bercy em Paris, neste domingo, e, com impressionantes 15,700 – 7,200 de dificuldade e 8,500 de execução -, alcançou o topo do pódio na prova de barras assimétricas da ginástica artística. Nas classificatórias, ela já havia obtido 15,600. A chinesa Qiu Qiyuan, campeã mundial em 2023 no aparelho, somou 15,500 e ficou com a prata, enquanto a norte-americana Sunisa Lee completou o pódio, com 14,800.
Com o resultado, Nemour, que no ano passado registrou 9 das 10 melhores marcas no aparelho e foi vice-campeã mundial, tornou-se a primeira atleta a conquistar uma medalha olímpica em uma prova de ginástica artística representando o continente africano.
Filha de mãe francesa e de pai argelino, a jovem nasceu e cresceu na França, mas um atrito com a Federação Francesa de Ginástica há dois anos a levou a defender a Argélia. Na ocasião, aos 14 anos, após passar por cirurgia nos dois joelhos para tratar uma inflamação que afeta ossos e cartilagem, ela foi impedida de retornar ao esporte pela entidade, apesar da liberação do seu médico. Para poder mudar a nacionalidade sem autorização da entidade francesa, precisou passar um ano sem competir.
Apesar de a medalha não ser computada ao país anfitrião, a atleta foi ovacionada pela torcida ao encerrar sua impecável apresentação e não escondeu as lágrimas. “Estou em choque, é o sonho da minha vida. Não acredito que isso aconteceu, estou sem palavras”, afirmou a atleta à emissora Al-Jazeera.
“Fiz 15,600 na qualificação e quando vi (a chinesa Qiu Qiyuan tirar) 15,500, pensei que tinha que brigar e ter o melhor desempenho da minha vida. É um alívio e estou honrada de receber essa medalha depois de tudo o que aconteceu”, comentou a jovem após a prova.
Kelya Nemour havia encerrado sua participação no individual geral na quinta colocação, sendo a única a atingir mais de 15,000 no aparelho na qual é especialista. Desta vez, nem a americana Simone Biles e nem a brasileira Rebeca Andrade disputaram a final das barras assimétricas, considerada o ponto franco da dupla.