• Flávio Bolsonaro: é impossível conter reação de apoiadores a resultado de eleição

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  • 30/06/2022 17:15
    Por Felipe Frazão / Estadão

    Coordenador da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o presidente não terá como controlar uma eventual reação violenta de apoiadores que contestem o resultado das urnas. Flávio não quis confirmar se Bolsonaro reconheceria uma derrota, mas negou que planeje estimular um levante. “Algo incentivado pelo presidente Bolsonaro, a chance é zero”, disse ele em entrevista ao Estadão/Broadcast.

    Filho primogênito de Bolsonaro, Flávio sugeriu que militares se pronunciem oficialmente se o Tribunal Superior Eleitoral ignorar as recomendações para a transparência das eleições feitas pela Defesa. “Se as Forças Armadas apontam vulnerabilidades, e o TSE não supre, é natural que essas pessoas tenham que se posicionar (dizendo): ‘A gente não pode garantir que as eleições vão ser seguras’.”

    O presidente vai aceitar o resultado da eleição?

    O presidente pede uma eleição segura e transparente, era o que o TSE deveria fazer por obrigação. Por que não atende às sugestões feitas pelo Exército se eles apontaram que existem vulnerabilidades e deram soluções? A bola está com o TSE.

    Se o TSE não ceder, não fizer a reunião técnica que foi pedida pelos militares, as Forças Armadas devem fazer o quê?

    Se as Forças Armadas apontam vulnerabilidades, e o TSE não supre, não resolve esses problemas, é natural que essas pessoas, talvez via comandante do Exército, via ministro da Defesa, tenham que em algum momento se posicionar: ‘Olha, sugerimos, houve alterações, apontamos vulnerabilidades, o TSE não quer fazer, por consequência a gente não pode garantir que as eleições vão ser seguras’. Para que chegar a este ponto? Essa resistência do TSE em fazer o processo mais seguro e transparente obviamente vai trazer uma instabilidade. E a gente não tem controle sobre isso. Uma parte considerável da opinião pública não acredita no sistema de urnas eletrônicas.

    Se houver um levante contra o resultado das eleições, como vimos nos EUA, qual será a posição do presidente, do sr., dos principais nomes do governo? Se isso surgir de apoiadores, o presidente endossa?

    Como a gente tem controle sobre isso? No meu ponto de vista, o (Donald) Trump não tinha ingerência, não mandou ninguém para lá (invadir o Capitólio). As pessoas acompanharam os problemas no sistema eleitoral americano, se indignaram e fizeram o que fizeram. Não teve um comando do presidente e isso jamais vai acontecer por parte do presidente Bolsonaro. Ele se desgasta. Por isso, desde agora, ele insiste para que as eleições ocorram sem o manto da desconfiança.

    Ele poderia ter de tomar uma decisão dura, até decretar estado de sítio, alguma medida de exceção?

    Isso não está na mesa. O que está na mesa hoje é que o TSE dê segurança para que o eleitor mais humilde tenha a certeza de que o candidato que escolher vai (receber) o voto de verdade.

    Se for com o sistema que está aí, e o presidente tiver resultado negativo, ele reconhece a eleição?

    Alguns avanços o TSE já fez, que, se forem implementados, dificultam a possibilidade de fraude. Se tem mais coisas que podem ser feitas para diminuir, por que não fazer? Quem quer dar golpe na democracia, Bolsonaro ou quem está resistindo a atender a sugestões técnicas?

    O governo está atuando para aprovar PEC com aumento de auxílios sociais. Vai dar tempo para reverter o quadro eleitoral?

    Esse impacto é possível. Mas meu pai sempre me ensinou a fazer as coisas sem pensar no que vai trazer votos de volta. O momento pede. O mundo com inflação alta, o poder de compra do planeta diminuiu.

    Mas não pode ser tarde eleitoralmente?

    Aí quem vai dizer é o eleitor. Sinceramente, ele não está preocupado se vai dar voto ou não. Ele está fazendo porque os mais pobres precisam.

    E vai ser fácil aprovar?

    Não acho que será difícil aprovar. Há consenso de que é necessário um pacote como este. Não foi fácil lidar com tudo que aconteceu e, no meu ponto de vista, o saldo é positivo para o governo. O eleitor vai saber pesar isso tudo. Agora, se vai querer que volte aquela quadrilha do PT para assaltar o País e estuprar as estatais… No governo Bolsonaro isso não acontece e as pessoas sentem melhoria na qualidade de vida.

    Mas a inflação ainda está chegando a 12%, 33 milhões de pessoas passando fome. Não é isso tudo que está sendo explorado pelas campanhas adversárias?

    Isso é uma narrativa mentirosa. Como alguém pode achar que estar trabalhando e ganhando menos do que a média é pior do que estar desempregado?

    Tem algum mea-culpa do governo?

    Nenhum governo é perfeito. Ninguém nasce sabendo ser presidente. Mas o saldo é imensamente positivo. Até quando o presidente Bolsonaro erra, erra tentando acertar. Para mim, o maior equívoco foi não dar mais atenção para a publicidade das coisas que beneficiam as pessoas.

    O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que o presidente telefonou para ele falando de busca e apreensão. Houve isso?

    Não sei se ele telefonou, mas, quando se analisa o contexto, pode ser algo para confortar a família. Qualquer pessoa que estivesse acompanhando, em função da gasolina que grande parte da mídia botou no caso… A busca e apreensão eram uma coisa possível de acontecer. Se tivesse interferência na PF, coisa que Bolsonaro não faz, por que o cara seria preso?

    O caso MEC não justifica a CPI da oposição?

    A CPI quer fazer palanque político na véspera da eleição. Sou contra um factoide como esse para atrapalhar a eleição, como foi a CPI da Covid. Espero que o Senado não caia nessa armadilha que só bota o Senado cada vez mais em descrédito.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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