Flávia Alessandra fala sobre sua personagem em ‘Salva-se quem puder’
Por: Estadão Conteúdo
Os mistérios de Helena atormentam Flávia Alessandra. Em ‘Salve-se Quem Puder’, novela das 19h da Globo, a personagem da atriz abandonou o marido, Mário (Murilo Rosa), e a filha, Luna (Juliana Paiva), na época com 4 anos, por uma razão desconhecida. Após muito tempo, a herdeira reencontra a mãe no Brasil, casada com Hugo (Leopoldo Pacheco) e passará a investigar o motivo desta atitude. Segundo a intérprete, ainda não há uma justificativa cabível para que a empresária tenha agido desta forma.
Na entrevista a seguir, a atriz de 45 anos revela o conflito interno que viveu antes de aceitar o convite para fazer a Helena de ‘Salve-se Quem Puder’ e fala da reaproximação entre a personagem e Luna. Além disso, comenta sobre a praticidade do novo visual e como encara o envelhecimento.
Em ‘Salve-se Quem Puder’, Helena é uma personagem misteriosa. Em algum momento você entrou em conflito com isso?
FLÁVIA ALESSANDRA – Sim, porque ela deixou a filha para trás. Eu quase desisti de fazer a Helena porque isso foi um grande conflito pra mim. Quando li a sinopse e vi, me perguntei o que justificaria uma mãe fazer isso. Então, entendi que esse era um subsídio muito bom para aceitar o convite e, pela primeira vez, estou fazendo um papel que, de fato, não sei ainda a motivação. Está sendo curioso pra mim.
Como tem sido a construção da personagem sem ter esses detalhes do passado da Helena?
FLÁVIA – É bem desafiador, porque a personagem fala com o marido que quer voltar pro México nos primeiros capítulos para socorrer o Téo (Felipe Simas), seu enteado, mas ele a questiona se ela esqueceu o que fez e pede para esquecer essa ideia. O Hugo (Leopoldo Pacheco) sabe que aconteceu alguma coisa e na minha interpretação sempre existe um lado sombrio. Mas deixo uma possibilidade de que pode ser qualquer coisa. Não sei se ela é do bem ou do mal.
Na trama, há o reencontro de mãe e filha. Helena se sente culpada por ter abandonado a Luna?
FLÁVIA – A gente se reencontra, ela sabe quem é a Helena, mas a minha personagem não tem ideia de quem é a Luna, afinal a abandonou com 4 anos. Não há o reconhecimento, mas Helena tem uma estranheza muito grande com a filha. É alguma coisa que bate ali que incomoda. Ela sofre pelo que fez e não quer falar sobre, mas não sei o que é. É muito louco que essa filha vá trabalhar na casa dela e vire fisioterapeuta do Téo. Então, num dado momento, a empresária é mãe e sogra.
O que é mais difícil em interpretar a Helena?
FLÁVIA – Quando você pega uma personagem, quer entendê-la. Mas é muito difícil você não saber a índole, ainda mais porque penso nas possibilidades e nada justifica uma mãe deixar uma filha. Eu não consegui achar uma desculpa. Ou essa mulher, de fato, tem uma má índole, ou o que ela fez para justificar isso? Para mim, Helena é o desconhecido.
Você cortou o cabelo para a personagem. O que está achando do novo visual?
FLÁVIA – Eu adoro cabelo curto. O meu marido (Otaviano Costa) também gosta. É muito bom quando o companheiro incentiva. Eu já tinha vontade e queria que fosse ainda mais radical. Acho que, quando acabar a novela, vou dar uma raspadinha de lado e colocá-lo mais louro. É muito prático, rápido. Esse corte para o meu tipo de cabelo, que é liso, é o ponto certo
Como você lida com a passagem do tempo?
FLÁVIA – Não me assusto em envelhecer, mas com a velocidade do tempo hoje. Afinal, tempo é o que existe de mais precioso. Se a gente pudesse parar, estagnar… Eu realmente tive a sensação de que 2019 passou rapidamente. Não sei se é porque a gente está absorvendo mais informação, conteúdo, atividades… Tenho vontade de parar para poder ficar admirando minhas filhas. Olho e Giulia (Costa) já vai fazer 20 anos. A Olívia está quase no meu tamanho. O tempo me assusta.
Você teve alguma crise nos últimos anos?
FLÁVIA – A crise que tive foi profissional, quando entrei na faculdade (de Direito). A minha carreira artística não decolava na época. Me questionava se não conseguiria viver do que mais gostava que era atuar e se teria que virar advogada para me sustentar.