• Fim da temporada de montanhismo: trilhas de Petrópolis ameaçadas pelo desrespeito

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  • 08/10/2018 17:00

    Quando passa a temporada de montanhismo – que vai de maio até meados de setembro – o que fica nas trilhas são os rastros de um intenso movimento de turistas e visitantes que vem a Petrópolis para  a prática do turismo ecológico. Apesar da característica principal da prática ser o incentivo ao cuidado e respeito com a natureza, o cenário encontrado pelos visitantes é o desgaste das trilhas, falta de sinalização, além de lixo e sinais de vandalismo.

    Petrópolis é cercada por 70% de Mata Atlântica. Atrai cada vez mais turistas para as mais de cem montanhas, trilhas, caminhos e travessias, abertas a população, ou sob vigilância dos institutos de preservação ambiental, como é o caso do Parque Nacional da Serra do Órgãos – Parnaso. Durante a temporada de montanhismo, o número de visitantes sobe cerca de 30%, principalmente, na sede do Parnaso em Petrópolis, por causa da famosa Travessia Petrópolis x Teresópolis. 

    Além do Parnaso, as trilhas abertas também recebem muitos visitantes. Como é o caso do Meu Castelo ou Castelinho, no Morin, trilha Cobiçado Ventania, no Caxambu, e trilha Pedra do Retiro, no Retiro. Por não fazer parte dos limites das reservas, as trilhas abertas acabam sendo as que recebem menos manutenção, e se deterioram com a ação do tempo, e o mau uso dos visitantes. 

    Em agosto desse ano, durante um passeio até o topo da Pedra do Retiro, um grupo de montanhistas de Curitiba, no Paraná, recolheu cerca de cinco sacolas cheias de lixo. Tinham garrafas pet, sacos plásticos, pratos de cerâmica, garrafas de vidro, marmitas de alumínio e até um par de botas. 

    “A maior parte do lixo estava no cume da montanha, e muitos escondidos nas moitas. Recolhemos o que encontramos, o nosso medo é que outras pessoas subam a montanha, e por ver o lixo jogado, continuem fazendo essa prática como se fosse comum”, contou a bióloga e guia de turismo Gisele Alves. 

    A cena é frequente em outros espaços. No Castelinho, além de lixo, há vestígios de fogueira, prática que é proibida em regiões de mata. E nas pedras no cume são vistos registros de casais apaixonados, grupos de visitantes que assinam seus nomes, e até um grupo de escoteiros deixou a lembrança da visita marcada na pedra. 

    Sem vigilância e manutenção, as trilhas vão se perdendo com a erosão. Em alguns casos, trilhas irregulares vão sendo abertas pelos próprios visitantes. 

    “Essas trilhas que são abertas pelos próprios visitantes só conseguem ser consertadas com reflorestamento. É importante trazer aos frequentadores um nível de consciência, sobre os cuidados com as trilhas. Não vandalizar, não fazer churrasco, som alto, tudo isso interfere no ambiente”, ressaltou o diretor do Centro Excursionista Petropolitano, Renê Lucena. 

    Apesar de haver órgãos de preservação desses locais, a falta de pessoal e investimento, acaba desfavorecendo esses espaços. Tanto o Castelinho, quando o Cobiçado Ventania, por exemplo, são de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). E ambos, não recebem a assistência que deveria. 

    Quem frequenta esses espaços, diz se lamentar a falta de respeito de outros frequentadores e a falta de investimento no ecoturismo local. Para o diretor do CEP, é importante que a população aplique o conceito de utilização do espaço com mínimo de impacto possível. “Não devem talhar as pedras, nem jogar lixo orgânico pelo caminho. Na maioria das vezes quando o CEP faz alguma excursão recolhemos o lixo que encontramos pelo caminho. A conscientização por parte dos frequentadores é muito importante para a manutenção dos espaços”.

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