• Fila para vacinação de médicos idosos tem espera de mais de 2 horas no Cremesp

  • 09/02/2021 13:54
    Por Priscila Mengue / Estadão

    Por volta das 11h desta terça-feira, 9, uma fila com centenas de médicos de 70 anos ou mais ocupava um trecho da Rua Frei Caneca, uma quadra inteira da Rua Luís Coelho e mais uma parte da Rua Augusta, no centro expandido da cidade de São Paulo. A aglomeração era para tomar a primeira dose da vacina contra a covid-19, aplicada na sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Há relatos de espera de até mais de 2 horas.

    Até pouco antes das 12h, a distribuição de fichas já passava do número 711. Segundo a assessoria do conselho, a fila começou a ser formada espontaneamente por volta das 6h, embora a aplicação estivesse marcada para começar às 9h. Com a alta procura, o horário foi estendido em pelo menos mais uma hora (das 18h para as 19h), com a possibilidade em estudo de ir até as 21h30. A quantidade total de doses disponíveis não foi divulgada.

    A vacinação nesta terça-feira é destinada a todos os médicos com 70 anos ou mais que tenham registro ativo no Cremesp, o que inclui profissionais aposentados. De acordo com o cronograma, essa faixa também poderá ser imunizada no local na próxima segunda-feira, 15, enquanto os demais dias desta e da próxima semana são destinados a grupos entre 60 e 69 anos, escalonados em diferentes datas. Ao todo, 18 mil médicos se encaixam nessa etapa de vacinação, dos quais 8 mil tem 70 anos ou mais.

    Além da fila de idosos em pé, havia ainda uma fileira de carros por mais de uma quadra para a modalidade drive-thru, destinada aos médicos com dificuldade de locomoção, o que também causou engarrafamento nas vias do entorno. Entre os que esperavam pela aplicação, as críticas foram frequentes, enquanto alguns também elogiavam e diziam “não ter nenhuma reclamação”.

    O médico Mario Roberto Zanconato, de 75 anos, contou ter chegado às 9h ao local, quando a fila descia por mais de uma quadra da Rua Augusta. Às 11h15, ainda aguardava a vez de ser imunizado. “Tinha que ter mais enfermeiros vacinando”, reclamou ele, que veio da zona sul da cidade apenas para a vacinação.

    Já uma médica de 71 anos que não quis se identificar criticou a situação e defendeu que a vacinação dessa faixa etária deveria ter sido escalonada em mais dias. “Para não deixar as pessoas horas na fila, em pé”, destacou.

    Além disso, a médica Julia Havrenne, de 72 anos, comentou ter preferido ir no primeiro dia para garantir que terá acesso à dose. “Melhor vir hoje para não ficar arrependida amanhã”, comentou ela, que deixou de atuar na linha de frente da covid-19 recentemente por ser do grupo de risco.

    Primeiro secretário do Cremesp, o médico Angelo Vattimo disse ao Estadão que o conselho vai rever o cronograma dos próximos dias. “Não tivemos um mês para fazer, até porque todo mundo sabe que há uma escassez (de vacina). Estamos ajustando o fluxo de acordo com os problemas”, declarou. “Hoje, para diminuir o gargalo (das primeiras horas), eliminamos um dos cadastros (necessários para receber o imunizante).”

    Além disso, destacou que todas as 486 unidades básicas de saúde da cidade começaram a vacinar médicos autônomos com 60 anos ou mais nesta terça-feira. Fora dos profissionais de saúde, a campanha de imunização de idosos em São Paulo é restrita a moradores de espaços de longa permanência, indígenas, quilombolas e com 90 anos ou mais (com início para os idosos de 85 e 89 anos em 15 de fevereiro).

    Procurada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou até as 13h. No local, agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) orientavam o trânsito e a fila do drive-thru.

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