Festival da Casa do Choro homenageia músicos Zé Menezes e Dominguinhos
Começou hoje (19) o 3º Festival da Casa do Choro, oferecendo ao público, em ambiente virtual inteiramente gratuito, a oportunidade de assistir a shows diários de grandes nomes deste gênero. O festival vai até sexta-feira (23), quando se comemora o Dia Nacional do Choro. A data é a de nascimento do maestro, músico, compositor e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha.
O festival reúne músicos como Luciana Rabello, Cristóvão Bastos, Mauricio Carrilho, Jayme Vignoli, Rui Alvim, Pedro Aragão e Paulo Aragão. Os shows serão realizados sempre às 21h, com transmissão pela plataforma Casa Do Choro Digital e no YouTube. Os homenageados na terceira edição do festival são o compositor, maestro e multi-instumentista Zé Menezes, que faria 100 anos neste ano, e o sanfoneiro Dominguinhos, que completaria 80 anos de idade.
A parte da manhã do festival foi reservada para aulas de instrumentos, que somam mais de 530 pessoas inscritas de nível não iniciante em choro. Foi a única parte do evento que teve inscrições prévias, já encerradas, para montagem das turmas. As demais atividades são abertas ao público em geral, informou à Agência Brasil a cavaquista e compositora Luciana Rabello, criadora do Instituto Casa do Choro (ICC), junto com o compositor, arranjador e violonista Mauricio Carrilho.
Palestras
À tarde, são dadas aulas, em formato de oficinas e palestras, por causa da pandemia de covid-19, sobre as principais orquestras e história da percussão, composições e arranjos para juntar músicos no choro. Há também rodas de choro em formato virtual que são curiosas porque ninguém pode tocar junto, mas as pessoas podem ouvir os músicos tocarem, individualmente, disse Luciana. “É o que a gente está fazendo. Um bate-papo e convidados que vão tocar e conversar com a gente.”
No festival, as rodas entram no Instagram da Casa do Choro, com transmissão ao vivo. Segundo os organizadores do evento, o formato digital dá às apresentações um alcance muito maior do que em qualquer edição anterior. “Nossa programação pode ser acompanhada de qualquer canto do mundo”, afirmou o músico Pedro Paulo Malta, apresentador das rodas de choro virtuais. O evento tem patrocínio dos governos federal e fluminense e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por meio da Lei Aldir Blanc.
Na terceira edição, o festival destaca o trabalho da Casa do Choro Digital, por meio de uma plataforma de streaming (transmissão de dados pela internet, principalmente aúdio e vídeo, sem necessidade de baixar o conteúdo) exclusiva e com grande acervo. Em breve, será lançada a Choro Timeline, que é uma linha do tempo virtual e interativa do gênero musical.
Escola Portátil
No ano 2000, ao lado de Mauricio Carrilho, mestre no violão e sobrinho do flautista Altamiro Carrilho, e outros músicos, Luciana Rabello criou a Escola Portátil de Música (EPM), que acabou se tornando um curso de extensão na graduação em Música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Carrilho e Luciana são também idealizadores da gravadora Acari Records, especializada em choro. Entre os criadores da EPM, destacam-se ainda Celsinho Silva, Álvaro Carrilho e Pedro Amorim.
Duas vezes por ano, são abertas inscrições para as aulas da EPM da Casa do Choro. “A Escola Portátil de Música atende alunos de todos os níveis. Quem nunca tocou um instrumento; quem tem nível intermediário, toca, mas não toca bem como gostaria; e também o nível profissional, porque a escola acaba atendendo músicos de outras linguagens e estilos, que querem, ou conhecer mais profundamente, ou imergir em um estudo mais longo sobre o choro”, disse Luciana.
O corpo docente da EPM é formado por grandes nomes como Cristóvão Bastos, Paulo Aragão, Jayme Vignoli, Amelia Rabello, Rui Alvim e Bia Paes Leme. Em 21 anos de existência, mais de 20 mil pessoas passaram pelos bancos da escola. Com a chancela de entidade de utilidade pública recebida em 2016 (Lei 7288), o Instituto Casa do Choro já recebeu o Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e foi tema de estudo de teses de mestrado e doutorado no Brasil e no exterior.