Festa de Cristo Rei
Neste último domingo do ano litúrgico, celebramos a solenidade de Cristo Rei do Universo. Depois de termos celebrado todos os mistérios da vida do Senhor, apresenta-se agora à nossa consideração Cristo glorioso, Rei de toda a criação e das nossas almas. Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão sejam também festas de Cristo Rei e Senhor de todas as coisas criadas, a de hoje foi especialmente instituída para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus.
Os textos bíblicos da festa de hoje salientam o amor de Cristo-Rei, que veio estabelecer o seu reinado. O Profeta Daniel (Dn 7, 13-14) descreve a investidura real que o Filho do Homem recebe diretamente do Pai: A ele foram dados império, glória e realeza […] o seu reino jamais será destruído. Em Ap 1, 5-8 (segunda leitura) nos é apresentado o Cordeiro imolado sobre o trono de sua glória; agora todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele, também aquelas que o transpassaram. A pergunta de Pilatos: Que é a verdade?, tem aqui sua plena resposta: esta é a verdade: Jesus nos ama e nos libertou com o seu sangue!
Foi com esta solicitude que o Senhor veio em busca dos homens dispersos e afastados de Deus pelo pecado. Tanto os amou que deu a vida por eles. Disse São João Paulo II: “Como Rei, vem para revelar o amor de Deus, para ser o Mediador da Nova Aliança, o Redentor do homem. O Reino instaurado por Jesus Cristo atua como fermento e sinal de salvação a fim de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário, inspirado nos valores evangélicos da esperança e da futura bem-aventurança a que todos estamos chamados. Por isso, no Prefácio da Missa de hoje, fala-se de Jesus que ofereceu ao Pai um reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz.”
A festa de hoje é como uma antecipação da segunda vinda de Cristo em poder e majestade, a vinda gloriosa que se apossará dos corações e secará toda a lágrima de infelicidade. Mas é, ao mesmo tempo, uma chamada e um incentivo para que todas as coisas à nossa volta se deixem impregnar pelo espírito amável de Cristo, pois “a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, deve antes estimular a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra, na qual cresce o corpo da nova família humana que já nos pode oferecer um certo esboço do novo mundo.
Assim é o Reino de Cristo, do qual somos chamados a participar e que somos convidados a dilatar mediante um apostolado fecundo. O Senhor deve estar presente nos nossos familiares, amigos, vizinhos, companheiros de trabalho… “Perante os que reduzem a religião a um cúmulo de negações, ou se conformam com um catolicismo de meias-tintas; perante os que querem pôr o Senhor de cara contra a parede, ou colocá-Lo num canto da alma…, temos de afirmar, com as nossas palavras e com as nossas obras, que aspiramos a fazer de Cristo um autêntico Rei de todos os corações…, também dos deles” (São Josemaria Escrivá, Sulco, nº 608)
A atitude do cristão não pode ser de mera passividade em relação ao reinado de Cristo no mundo. Nós desejamos ardentemente esse reinado. “Venha a nós o vosso Reino”, rezamos na oração do Pai-Nosso. É necessário que Cristo reine em primeiro lugar na nossa inteligência, mediante o conhecimento da sua doutrina e o acatamento amoroso dessas verdades reveladas. É necessário que reine na nossa vontade, para que se identifique cada vez mais plenamente com a vontade divina. É necessário que reine no nosso coração, para que nenhum amor anteponha ao amor de Deus. É necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo; no nosso trabalho profissional, caminho de santidade… ” (Papa Pio XI).