• Fechado desde 2019 para obras, Theatro Dom Pedro II faz falta para cultura petropolitana

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  • 28/11/2021 09:38
    Por Jussara Madeira

    Importantes nomes da arte já pisaram no palco do Theatro Dom Pedro II, localizado no coração de Petrópolis. Da música de Noel Rosa à comédia de Paulo Gustavo, o prédio, inaugurado em 1933, faz parte da histórica cultural e artística da cidade. Fechado desde 2019 para obras de restauração e adaptações, questões burocráticas deixam indefinida sua reabertura e Petrópolis segue fora do circuito de grandes turnês nacionais de peças teatrais e outros grandes espetáculos.

    Por falta de palco, a produtora e jornalista Marise Simões, da Petrópolis em Cena, já recusou a produção local de diferentes espetáculos desde que foram liberadas as realizações de atividades artísticas no Estado com a flexibilização das medidas contra o Covid-19. “Esse ano, com a retomada, antes do meio do ano eu já estava sendo procurada por produtoras do Rio querendo trazer espetáculos para cá. Perdi um grande recentemente, o “O Prazer é Todo Nosso”, com atuação de Juliana Martins e direção de Bel Kutner. Além de não ter o Dom Pedro, o Theatro Afonso Arinos também está fechado devido às obras no Centro de Cultura. O espetáculo tem um grande patrocínio e inclusive teria entrada franca para a população”, lamentou.

    A produtora Petrópolis em Cena foi a responsável local por grandes espetáculos que já passaram pelo Dom Pedro, como “Minha Mãe é uma Peça”, “Violetas na Janela”, “Surto”, “Os Suburbanos”(Rodrigo Sant’ Anna”, “Musical Francisco de Assis” (Ciro Barcellos), “78 Musical”, “Os inimigos não mandam flores” (Pedro Bloch), “Toda Nudez será castigada” (Nelson Rodrigues), “Os Exculaxados” ( direção Chico Anysio), “Larga tudo e vem” (solo com Márcia Rubin), “A Bela e a Fera”, “Rei Leão”, entre vários outros.

    O fechamento do teatro também interfere nos hábitos culturais dos petropolitanos, como aponta Marise. “Quanto mais o tempo passa, mais difícil de retomarmos as produções, pois existe a questão da formação de plateia, e tudo isso vem se perdendo. Essas paralisações das obras impactam muito neste trabalho que vem sendo feito”, concluiu. 

    Sem previsão para o fim das obras 

    Em outubro deste ano (2021) completaram dois anos que o prédio teve suas atividades interrompidas para o início de uma obra que, a princípio, deveria ser entregue em 180 dias. A reforma, que contemplava o anexo, foi estendida para dentro do teatro, com revisão elétrica, implantação de sistema de alarme e combate a incêndio, conserto de infiltrações, acessibilidade entre outras medidas de recuperação do prédio, inclusive de melhorias na fachada. Um investimento calculado em R$ 1,6 milhão com verba do Ministério da Cultura e contrapartida do município. 

    Paralisações da obra, no entanto, vem postergando a liberação do espaço artístico para uso. Em 2020 a obra foi suspensa para adaptar o projeto a fim de que constasse obras de acessibilidade. Em março deste ano, a prefeitura anunciou a retomada dos trabalhos no local, com a restauração dos painéis. Mas novamente a obra foi suspensa. Segundo a prefeitura, por meio da Secretaria de Obras, foi feito um pedido à Caixa Econômica Federal, responsável pela liberação da verba de acordo com o cronograma das intervenções, para a reprogramação da obra e que em 15 dias as intervenções no Dom Pedro devem ser reiniciadas.  

    Com uma arquitetura no estilo art-decó, de origem francesa, um tipo de decoração baseada em artes plásticas, a reforma tem caráter de restauração. Toda a estrutura do teatro receberá reparos, desde a fachada até a recuperação do sistema de ar condicionado e instalação de elevadores, proporcionando acessibilidade para o público.

    O Theatro D. Pedro foi inaugurado em 2 de janeiro de 1933 pela empresa D’Angelo e cia. De estilo eclético, tem referências às diversas tendências arquitetônicas em voga no início do séc. XX. O conjunto remete ao Art-Déco e ao Art-Noveau, conjugando motivos geométricos e um meticuloso trabalho nos gradis de ferro trabalhados. Já foi chamado de Teatro Imperial, Teatro Paulo Gracindo, e durante um tempo serviu de cinema. Em 1998, foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

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