Fazedor de impossíveis
Você vive tempo de sombra. Tudo meio naufrágio. Todo porto: impossível. Adjetivo de horas difíceis, alcunha de sentimentos escuros, vocábulo soprado como gelo por um anjo do mal. Não o escute! Não o aceite. O impossível não existe.
O tsunami de 2004 colheu os Belon em férias de paraíso e mastigou a família. Desmembrou-a, cada filho para um lado, ferimentos nos corpos, o núcleo harmônico agora retalhado entre pilhas de mortos. Pois sobreviveram! Às ondas ciclópicas, às quebraduras, dores, separação, e um dia, “o Impossível” (nome do filme que conta sua história): se reencontraram.
Quando Luther King comandou o boicote aos ônibus que segregavam negros em currais no fundo dos carros, era impossível um negro presidente dos Estados Unidos. Quando Galileu apontou seu telescópio para as estrelas, era impossível que a Terra girasse. Quando Gandhi fez a Marcha do Sal contra os britânicos, era impossível a Índia independente. Quando Da Vinci projetou rudimentar helicóptero, era impossível o homem na Lua.
Conheço casal de avós felizes, navegando amorosos qual cisnes riscando rastro dourado no lago da vida. Mas eram impossível casal quando jovens, pois se desentendiam a ponto de se pegarem a tapa, puxar cabelos, morderem-se, socar paredes e chutar portas, era impossível que a selvageria de gritos e lágrimas desse certo. Pois deu. Eles não desistiram.
Você conhece o dito franciscano. Faça o necessário, depois o possível e logo estará realizando o impossível. Necessário dar fim aos pensamentos negativos. Sair da depressão, erguer os olhos. Mesmo contra expectativas, mesmo contra torcidas contra, contra as probabilidades. É possível caminhar. Caminhe. Logo poderá correr, voar, em direção da felicidade que te aguarda, se você persistir. Persistência, escarpa inevitável até o impossível.
Deus é Deus do impossível, você sabe. Vai abrir o Mar Vermelho para você passar a pé seco. Tradição rabínica diz que o mar só se abriu depois que o primeiro israelita pisou a primeira onda. Necessário ir até a beira. Possível pisar na água. Então… O impossível! O mar se abre para a caminhada vitoriosa. Fé é a precondição para entrar água adentro antes de aberto o caminho. E aqui chegamos ao único impossível realmente existente. Pois diz a Bíblia que sem fé é impossível agradar a Deus. Então, tenha fé, chave-mestra de abrir impossíveis.
Os pilotos Piccard e Borschberg, quando decolaram para a viagem de volta ao mundo no avião sem combustível, o frágil Solar Impulse movido a células fotovoltaicas, disseram: “vamos fazer o impossível”. Após 500 horas e 42 mil quilômetros, movidos a sol, o fizeram. De onde você está, é difícil enxergar. Mas eu vejo. O sol, todo energia e saúde, quer te afagar com uma ponta de aurora. Levanta, vem para a luz. Deixe a energia do sol de Deus irrigar teu coração e fazer-se usina e poder. As coisas vão dar certo. O filho vai retornar. Teu cônjuge vai cair na real. O emprego virá. A saúde será restaurada. Aquele amigo voltará. Você terá coragem na hora difícil. No deserto, não irá só. Você será o fazedor de impossíveis, capaz de “sonhar mais um sonho impossível e lutar quando é fácil ceder”, como diz a canção do musical O Homem de La Mancha. Pois o impossível é só algo que ainda vai acontecer.
Termino convidando. Em junho lanço meu livro “Para ler em voz alta na soleira do dia ruim: Crônicas de fé e esperança”, na Casa Claudio Souza. Você será bem-vindo.
denilsoncdearaujo.blogspot.com