• Fator de reservas de petróleo cai de 23 para 13 anos em uma década, aponta Firjan

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  • 09/jun 15:50
    Por Denise Luna / Estadão

    Nos últimos 10 anos, o Brasil passou de 10º para o 7º maior produtor de petróleo do mundo, mas o fator de reserva sobre a produção, que mede por quanto tempo é possível manter a produção da commodity, caiu de um horizonte de 23 para 13 anos, informa a edição especial do 10º Anuário do Petróleo no Rio (2016-2025), publicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que será lançado na terça-feira, 10, no Rio de Janeiro.

    “A evolução desse fator explicita a importância de encontrarmos soluções para agregarmos mais reservas e revertemos as perspectivas de queda da produção a partir da próxima década. Para isso, são necessárias ações para viabilizarmos a exploração de novas áreas, a extensão da vida útil de campos maduros e marginais, assim como a comercialidade de produção de certas áreas que hoje não possuem lógica econômica dentro do pré-sal”, afirma a gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso.

    Maior produtora de petróleo do Brasil, a Petrobras vem tentando obter licença ambiental para explorar a Margem Equatorial brasileira, o que poderá acrescentar mais de 10 bilhões de barris em reservas de petróleo. Também vem sendo estudada a exploração da bacia de Pelotas, no sul do País, além da adição de reservas internacionais, tanto na Colômbia como em países do continente africano.

    De acordo com o documento, o aumento dos volumes produzidos no País ao longo desses anos veio acompanhado do avanço tecnológico e do aumento do porte das unidades de produção. Em 2016, as plataformas que entravam em operação tinham uma capacidade de processar uma média de 150 mil barris por dia. Já em 2022, as unidades com capacidade de 180 mil barris por dia eram frequentes nessa indústria. Agora, as mais recentes plataformas confirmadas para entrar em operação atingem 225 mil barris por dia.

    “O período que nos trouxe à 10ª edição do Anuário do Petróleo no Rio marcou uma fase de notáveis transformações, que reafirmaram a importância desse mercado para o País e o posicionamento do petróleo como um motor econômico vital para o Rio de Janeiro. O crescimento expressivo na produção e na arrecadação de participações governamentais demonstrou o potencial do setor para gerar receitas significativas, que aliadas à implementação de políticas públicas eficazes e investimentos em pesquisa e desenvolvimento, contribuíram para a expansão das capacidades produtivas deste mercado tanto para o estado fluminense quanto para o país”, afirma o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

    Caetano chama atenção também para os desafios da atividade, incluindo a necessidade de reposição de reservas e a busca por soluções sustentáveis em um mundo que busca ser cada vez mais eficiente em carbono. “Além disso, a dependência de importações de combustíveis precisa ser abordada com urgência, a fim de mitigar a exposição do estado nesse segmento e reduzir a vulnerabilidade econômica”, diz.

    O estado do Rio de Janeiro teve uma grande evolução desde 2016. A produção do estado passou de 65% do petróleo nacional na época para 87% neste ano, segundo o anuário, avançando no período para um ambiente caracterizado por águas cada vez mais profundas, reservatórios mais produtivos e um óleo de melhor qualidade.

    Parque de refino

    A dependência da importação se deve ao fato de não ter havido expansão no parque de refino no Brasil, destaca o anuário, enquanto a expansão do consumo de combustíveis foi de 13% no período. Por outro lado, foi registrada a melhoria operacional das refinarias, que alcançaram recordes de taxa de utilização passando da casa de 70% para 85% em 2024, com novos investimentos sendo anunciados.

    O documento ressalta ainda, que puxado pela combinação do crescimento de todas as variáveis que impactam a arrecadação – produção, preço do barril e câmbio -, as Participações Especiais do estado do Rio cresceram mais de 300% no período, chegando a R$ 12,6 bilhões. Já os royalties fluminenses aumentaram mais de 400%, atingindo a cifra de R$ 11,6 bilhões.

    “Este avanço é acompanhado pelo investimento em tecnologia. Em 2016, as obrigações de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) somavam pouco mais de R$ 900 milhões. Em 2024, ultrapassaram R$ 4 bilhões anuais, totalizando – nesse período – R$ 23 bilhões em obrigações”, informa o anuário.

    Dos projetos iniciados e divulgados pela ANP, mais de 70% são investimentos focados nas áreas de exploração e produção, que contribuíram para consolidar o País como líder global dessa atividade em águas profundas e ultraprofundas. Os números seguem crescendo a cada ano, dando destaque para o investimento da indústria de petróleo em energias renováveis e descarbonização, que conquistaram R$ 1,05 bilhão dos recursos em P,D&I em 2024, em comparação aos R$ 22 milhões em 2016.

    Além desses dados, a publicação conta com projeções e análises da federação, editorial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, assinado pelo vice-presidente da República e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin. O documento traz ainda, a visão de parceiros e players do mercado, apresentada por meio de artigos da Petrobras, Prio, Equinor, Pré-SalPetróleo (PPSA), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Rystad Energy.

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