Faperj investe em inseticida biológico criado a partir de fungo
A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) investe R$ 5 milhões em projetos de doutores empreendedores. Um deles visa alavancar a produção do Bovekill – um inseticida biológico destinado aos produtores agrícolas e aos praticantes de hortas caseiras e jardinagem. O inseticida tem como princípio ativo um fungo, o Beauveria bassiana, comprovadamente eficiente para o controle de pragas de diversas culturas, como mosca branca, pulgão, cochonilhas, trips, ácaro rajado, percevejos, lagartas desfolhadoras, brocas, gortulho, traça do tomateiro e lagarta do cartucho.
A pesquisadora Aline Teixeira Carolino é autora do projeto. Ela explica que os produtos naturais para uso na agricultura orgânica possuem ingredientes ativos que envolvem vírus, bactérias, fungos, ácaros, insetos, extratos vegetais, entre outros. Em 2018, o Ministério da Agricultura notificou o registro de 52 desses produtos, uma demanda crescente em virtude da maior procura por uma alimentação saudável.
Apesar desse crescimento, o Estado do Rio de Janeiro ainda não possui uma biofábrica capaz de proporcionar aos agricultores um produto eficiente. Com a conquista do edital Doutor Empreendedor, Aline espera alavancar a empresa MicrobiALL e o seu primeiro produto.
Aline Carolino terá direito a uma bolsa Doutor Empreendedor, para despesas de subsistência, e uma bolsa de iniciação tecnológica, para contratar um graduando na área do projeto, por até 24 meses. Além disso, receberá um auxílio de até 50 mil reais para adquirir itens necessários ao desenvolvimento inicial da empresa. Em contrapartida, o edital demanda que os contemplados no edital se instalem em algum mecanismo de geração de empreendimentos inovadores. No caso da Aline, a empresa MicrobiALL, que contará ainda com uma parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em Campos dos Goytacazes.
Para o diretor de tecnologia da Faperj, Maurício Guedes, o edital Doutor Empreendedor avança em uma mudança cultural no Brasil. “Ao contrário do que se imagina, a maior parte dos pesquisadores no mundo trabalha em empresas. Somos recordistas mundiais em concentração de pesquisadores nas universidades. Isto nos posiciona bem no ranking mundial da produção científica, mas ficamos numa posição vergonhosa quando se fala em capacidade de inovação da economia. Este edital mostra aos jovens doutorandos que buscar a transformação de conhecimento em emprego, renda e produtos inovadores é uma opção de carreira extremamente nobre e desafiadora”, afirma Guedes.