• Falta de segurança na Rio-Petrópolis alarma autoridades

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  • 13/03/2016 10:26

    A falta de segurança na rodovia que liga o Rio a Petrópolis alarmou diversas entidades, políticos e cidadãos essa semana. A morte do Frei Antônio Moser, na última quarta-feira, causou indignação e medo aos milhares de petropolitanos que utilizam a Rodovia Washington Luiz diariamente. Para eles, é preciso que sejam tomadas providências para que a violência no trânsito que provocou a morte do religioso, não vire rotina. 

    Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) de janeiro desse ano mostram um panorama dos crimes cometidos na Baixada Fluminense. Apenas no primeiro mês do ano, as estatísticas registraram 4 mortes e 158 lesões corporais culposas no trânsito. Além disso, 264 veículos foram roubados. Ou seja, cerca de 8,8, por dia. O índice também contabilizou 110 roubos a coletivos e 489 a transeuntes. Os números consideram as ocorrências registradas em quatro delegacias diferentes: a 59ª DP (Duque de Caxias), 60ª (Campos Elyseos), 61ª (Xerém) e 62ª (Imbariê). 

    De acordo com a estatística, o maior índice de roubo de veículos foi registrado em Duque de Caxias, 71,3%. O mesmo acontece no caso de roubos a coletivos – 66,3%. Das quatro vítimas de crimes no trânsito, três foram registradas na 59ª DP. Os dados mostram que o crime praticado contra o Frei Antônio Moser é um fato que ocorre com frequência naquela localidade. Ele morreu após ter sido baleado, em uma tentativa de assalto, conforme acredita o delegado da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Breno Carnevalle. O caso está sendo investigado. Testemunhas já foram ouvidas e os policiais seguem fazendo diligências a fim de encontrar os culpados. 

    A questão de segurança na rodovia é constantemente discutida por entidades petropolitanas, como a Frente Pró-Petrópolis (FPP) e a NovaMosanta. Para Fernando Varella, diretor de Planejamento da NovaMosanta, o trecho da Baixada Fluminense e da subida da Serra causa medo de roubos, assassinatos, sequestros e arrastões. E esse receio causa impactos econômicos para a cidade, porque faz com que os visitantes deixem de subir a serra, por exemplo, nas sextas-feiras à noite. “Eles temem a ação dos bandidos, uma situação que se agrava com a falta de policiamento. Sabemos que às sextas o movimento caiu muito para as casas noturnas e restaurantes em Itaipava”, disse. 

    Para Varella, é inaceitável que uma das mais importantes rodovias do país não ofereça segurança para os usuários. “A BR-040 é uma estrada estratégica para Petrópolis. Por isso, as autoridades públicas, os responsáveis pelas instituições empresariais e as entidades de representação da sociedade civil organizada têm a obrigação de fazer ouvir as suas vozes, reclamando da situação existente na defesa dos interesses do município. A Prefeitura de Petrópolis, por exemplo, deve estar mais presente nos fóruns e nos debates sobre as questões que envolvem a rodovia”, afirmou.

    O alto valor pago pelo pedágio – R$ 11,20, também é motivo de insatisfação para o diretor da NovaMosanta. “A segurança da rodovia deveria estar incluída no âmbito da concessão, até para justificar o preço que é pago”, disse. Segundo Varella, o que acontece é um jogo de empurra. Isso porque a Concer diz que a responsabilidade da Segurança é da Polícia Rodoviária Federal (PRF). 

    A PRF informou que segue com policiamento reforçado no trecho da Baixada Fluminense a fim de coibir os crimes praticados naquela região. 


    Para deputado Hugo Leal, Concer é cúmplice da morte do Frei

    O deputado federal Hugo Leal (PROS) diz que acredita em uma ação integrada entre a PRF, a Concer e a Polícia Militar. Ele diz que sabe que a Polícia Rodoviária tem limitação de efetivo e que por isso o trabalho em conjunto é importante. O que ele lamenta, porém, é a irresponsabilidade da concessionária na questão de segurança da rodovia. Até o ano passado, ele disse que ela não compartilhava as imagens das câmeras de monitoramento com os órgãos de segurança e o assunto chegou a ser debatido na Ordem de Advogados do Brasil (OAB), no Rio de Janeiro. 

    Hugo destaca ainda que o papel da Concer nesse processo não é de prestar favor aos usuários da rodovia, porque existe um pedágio cobrado e que custa caro. “O mínimo que deviam fazer era investir em câmeras de segurança por toda a rodovia, o que ajudaria a inibir essas práticas e também  contribuiria com o trabalho da polícia”. Ele lamenta ainda a atuação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que não fiscaliza a concessionária. 

    Já a assessoria de imprensa da Concer informou que trabalha permanentemente em parceria com a PRF, sendo inclusive mantenedora de um convênio que, no ano passado, destinou R$ 450 mil para custear o aparelhamento de delegacias dos órgãos existentes nas regiões da concessão. Além disso, disse que o Centro de Controle Operacional mantém uma linha de comunicação direta com a corporação para transmitir as ocorrências policiais na rodovia, que são observadas por inspetores ou informadas por usuários. 

    Porém, a concessionária destacou que é preciso que haja a compreensão de que a segurança pública na rodovia é de competência exclusiva da PRF, não tendo a Concer qualquer poder para inibir ou combater práticas criminosas.



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