Falta de gestão e sucessão de trapalhadas geram dia de caos no sistema de ônibus
Final de tarde e era estudante sem saber como voltar pra casa e o trabalhador na mesma situação. Acrescente aí dezenas de rodoviários sem saber se estariam empregados depois da meia-noite, o que motivou a manifestação que fechou o terminal do centro e deixou milhares a pé. Um pouco mais cedo, moradores da Serra Velha, sem ônibus, fecharam a estrada em protesto por falta de luz, um drama paralelo e constante na região. Essa quinta-feira foi o ápice da falta de gestão e de comando no sistema de transportes. Acharam que era uma boa ideia fazer uma reunião fechada para definir a substituição das linhas da Cascatinha determinada pela justiça e ainda pensaram que anunciando o “início de uma nova fase no sistema de transportes” ia ser ótimo para capitalizar votos. O tiro saiu pela culatra. No início da noite, reviravolta com a Cascatinha revertendo, em segundo instância, a decisão da justiça local e deixando tudo igual.
Como começou
Em uma reunião com apenas líderes comunitários e alguns vereadores, deixando de fora os membros da comissão de transportes da Câmara, Hingo Hammes e Julia Casamasso e representantes dos rodoviários, o presidente da CPTrans Thiago Damaceno e o prefeito Bomtempo apresentaram pela manhã o plano de substituição das linhas da Cascatinha. Nem mesmo os membros do Conselho Municipal de Trânsito foram convidados para a reunião. E olha que na segunda-feira receberam a promessa de serem convidados para uma reunião extraordinária do Comutran para tratar do assunto. E mais: foram eles que pressionaram e sugeriram, em muitos encontros anteriores, as mudanças que agora a CPTrans coloca em prática. Foram enrolados.
Bloqueio por segurança
Sem articular uma boa comunicação aos principais interessados – no caso usuários e rodoviários da Cascatinha – a informação saiu crua da reunião e foi divulgada sem detalhes. Daí para a instalação do caos foram necessárias poucas horas. Formou-se a manifestação dos rodoviários da Cascatinha e o sistema colapsou. O prefeito divulgou vídeo nas redes sociais sem tratar da questão dos rodoviários, deixou meia dúzia de elogios nos comentários de seu Instagram e bloqueou quando o negócio ia pegar fogo. No final da tarde, Damaceno esteve com os rodoviários, mas jogou pro judiciário novamente.
E tão errados?
O porta-voz da ‘boa nova’ na hora do almoço foi o vereador Marcelo Lessa pelas redes sociais. Logo em seguida, vazaram as informações rasas sobre a operação. Na sequência, aspones parabenizam vereadores e governo. Mas, não colou e teve revolta em grupos e redes sociais, com Damaceno e Bomtempo sendo acusados de terem se escondido atrás do judiciário. O povo quer que o juiz Jorge Martins, que determinou a substituição das linhas da Cascatinha, seja o dono dos parabéns pela iniciativa. E a má execução da ordem recai sobre o governo que não soube como agir garantindo transporte e tranquilidade. E some-se a isso, a Cascatinha no final do dia conseguindo reverter no Tribunal de Justiça a decisão, voltando a operar as linhas, definição adiada para o dia 05.
Mudou de ideia
Tem uma parte da operação que a gente não entendeu. Seis linhas ali da Estrada da Saudade e Boa Vista seriam atendidas por vans que iriam fazer a conexão do ponto final até onde estariam os ônibus convencionais. Mas, vans? O presidente da CPTrans, Thiago Damaceno, não disse em uma reunião que não queria vans porque elas trazem junto a milícia?
Não vai rolar
Colocaram o secretário de Segurança e Serviços Públicos, Ramon TikTok Melo, no aquecimento para gravar vídeos para as redes sociais defendendo o indefensável. Ih, não vai rolar. Povo ressuscitou aquele vídeo da farinha do mesmo saco e financiamento de campanha por empresa de ônibus. Um clássico.
Contagem
E Petrópolis está há 289 dias sem os 100% da frota de ônibus nas ruas depois do incêndio na garagem das empresas.
Desistência
Oficialmente Leandro Sampaio desistiu de ser candidato a prefeito porque fará uma cirurgia que o deixará de molho por dois meses. Extraoficialmente, o ex-prefeito Leandro Sampaio jogou a tolha depois de números fracos na pesquisa e a falta de um partido robusto para abrigá-lo. A tratativa com o PSD de Hugo Leal, na semana passada, deu um ruim danado com a executiva.
Campanha cara
Outro fator que pesa são os custos da campanha. Leandro teria potencial para chegar a um segundo turno, mas teria de gastar muito para reviver seus feitos. Reativar a memória do petropolitano na sua gestão de 1997 a 2000 seria a melhor estratégia com o mote de ‘no passado a gente era feliz’. Porém, uma geração abaixo dos 30 anos, nunca nem ouviu falar em Leandro Sampaio.
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