• Factóides de fumaça

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  • 25/02/2018 08:00

    Domingo, 11 de fevereiro, próximo passado, abro o jornal "Tribuna de Petrópolis" e me deparo com a seguinte notícia: "Petrópolis pode ter moderno trem de flutuação magnética". Simplesmente fiquei surpreso com a manchete e me dispus a ler o artigo na íntegra e com a máxima atenção.

    Li então que durante a 14a Conferência Municipal de Trânsito e Transportes foi lançado um "Procedimento de Manifestação de Interesse" 

    (PMI) para um chamamento público a quem quisesse apresentar projeto de viabilidade, instalação e funcionamento desta tecnologia. Na oportunidade deu-se conhecimento de uma rota subterrânea circular Quitandinha/Bingen passando pelo Centro com 15,3Km. que seria efetuada por um trem de levitação magnética apelidado de maglev, onde dois engenheiros deram explicações sobre a "ideia"; um deles era o detentor da patente desta tecnologia no Brasil (ou seja estava vendendo seu próprio peixe). Incautos, compraram a ideia e a ela deram publicidade.

    Poucos sabem, mas o custo de perfuração de um kilômetro subterrâneo é hoje da ordem de 350 milhões de reais (linha 5 do metrô de São Paulo); o percurso apresentado importaria em dizer que seriam empregados algo em torno de 5 bilhões de reais somente na infraestrutura, sem falar nos transtornos das escavações durante a obra,  mais a compra de trens e equipamentos para seu funcionamento, uma conta para lá de salgada. Seus defensores, no entanto, dizem de forma aleatória, que estes valores seriam captados junto a investidores estrangeiros. Porém, sabemos que infelizmente, nossa Cidade não tem porte para dar retorno a este investimento por conta do número de usuários que poderiam se utilizar deste meio de transporte. 

    Mas o que chama mais atenção é o fato de não se terem tomados alguns cuidados ao se noticiar amplamente algo surreal e fantasioso dentro do governo. Isto sim é mais assustador do que a notícia em si, já que este PMI é uma grande bobagem.

    Aliado a este factóide, mais um foi dado a conhecimento: "Um passeio com gôndolas no Rio Piabanha", com defesa do COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) para fomento do turismo, com mais esta opção. Deram até nome, extenção e duração ao passeio "passeio imperial", com 45 minutos num percurso de 1.800 metros. Todavia esqueceram que inúmeros esgotos residenciais e comerciais são despejados diretamente no Rio Piabanha (bastaria dar um passeio a pé ao longo do rio para constatar esta realidade) ocasionando mau cheiro, ratos, baratas e toda a sorte de poluição. Primeiro, ter-se-ia que adequar a coleta de esgotos, retirando-a do rio, para depois poder-se pensar em alguma utilidade turística. O que novamente nos remeteria à questão dos investimentos e que por si só inviabiliza a ideia. Quem vai se dispor a isto? A concessionária? Esgoto não dá lucro e este é o "x" da questão, seu lado podre (nos dois sentidos).

    Foi ressuscitada também, durante esta Conferência, a construção de uma galeria subterrânea para captar águas dos rios Quitandinha e Piabanha, com 4 kilômetros de extensão para reduzir as enchentes na Rua do Imperador. Isto vem sendo discutido há 9 anos e nunca saiu do papel. A bem da verdade, não é a melhor ideia a respeito de uma solução para os transbordamentos, mas sempre está a surgir quando se necessitam de factóides para melhorar a imagem de um governo. Se não dão manutenção ao extravasor do Centro,  que está a pedir socorro há muito anos, ainda assim, sonham em construir outro.

    Lamento a falta de robustez das "ideias": são infactíveis, fantasiosas e nem para uma discussão séria servem. Já passou da hora das pessoas deste governo abandonarem o "mundo da Alice" e pararem de acreditar em Papai Noel e coelho da Páscoa. O município está a necessitar de trabalho sério e competente e não se pode mais perder tempo com estas bobagens, que não vão nos levar a lugar algum.

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