Fachadas de prédios, igrejas e praças são alvo de vandalismo em Petrópolis
A beleza arquitetônica da cidade pede socorro. Fachadas de prédios, monumentos, muros e os principais pontos turísticos estão sendo alvo da ação de vândalos e estão sendo depredados e pichados. Ainda que a prática seja crime previsto em lei, sujeita a multa e reclusão, o vandalismo continua sendo visto em diversos pontos na cidade.
Em um breve levantamento realizado pela Tribuna de Petrópolis, mais de 10 pontos com pichações evidentes foram contabilizados entre as ruas do Imperador, Koeler, da Imperatriz e Nilo Peçanha. O prédio onde funciona a agência central dos Correios na cidade é um dos pontos mais afetados. A parte lateral da Catedral São Pedro de Alcântara também está bastante comprometida por traços de vandalismo. O banheiro público que fica ao lado do ponto turístico está coberto de pichações, por dentro e por fora. Os escritos, além de prejudicar a beleza dos imóveis, danificam bens que compõem o patrimônio cultural da cidade.
Pichações na Praça da Liberdade. Foto: Bruno Avellar.
O aposentado Roberto Furuguem, de 77 anos, mostrou-se indignado com os traços de vandalismo em toda a cidade. “Passo por aqui na Praça da Liberdade há anos, mas nunca tinha chegado nesse ponto. Está muito feio, tanto para os moradores e ainda mais para os turistas. Na maioria dos lugares que se visita, você nota esse absurdo. É uma pura falta de educação de quem faz, e incomoda e prejudica a todo mundo”, declarou.
A lateral do prédio do Theatro Dom Pedro, na Rua Nilo Peçanha, está tomado por pichações. Foto: Bruno Avellar
Frequentador assíduo do Theatro D. Pedro II, o aposentado Jorge Carvalho também lamenta a situação dos prédios da cidade. “São todos prédios históricos, e o aspecto que se tem é de total abandono. É horrível porque recebemos turistas aqui todos os dias. O que será que eles devem pensar quando veem todos esses sinais de vandalismo? Chega a ser desrespeitoso”, declarou.
Em entrevista à Tribuna, o Bispo Diocesano Dom Gregório falou sobre os problemas das pichações nos monumentos da cidade, em especial, os que afetam a Catedral. “É bem verdade que há mais de 2000 anos já existia sinais de vandalismo entre as civilizações. Este é um assunto de extrema importância e deveria ser tratado com atenção por todos. Petrópolis é uma cidade histórica, com uma cultura muito rica e deveria ser preservada. A Catedral é um dos nossos bens mais valiosos, e me entristece muito ver a que ponto chegamos. Semanalmente eu escuto relatos e reclamações de fiéis que se sentem extremamente prejudicados pelo estado que o templo está por fora. Eles pedem que façamos a reforma, mas, além do risco de danificarmos as paredes da fachada ao limpá-las, o orçamento é muito alto. Não é algo que possamos fazer de um dia pro outro”, afirmou.
A ação de vândalos também marcou as paredes laterais da Catedral. Foto: Bruno Avellar
Dom Gregório também defendeu que as leis deveriam ser mais severas para casos deste tipo, para que fossem de fato reprimidas. “Se as pessoas que praticam esta ilegalidade fossem pegas, deveriam ser condenadas a elas próprias limparem, pois só assim saberiam o peso da consequência de tais atos. O grande problema é que elas picham na noite, e no dia seguinte nada lhes acontece”, declarou.
O Bispo conta também que há um pré-projeto de total restauração da Catedral São Pedro de Alcântara, tanto na fachada quanto na parte de dentro. O projeto inclui o cercamento de toda a praça na qual o ponto turístico está localizado, a fim de evitar que novos casos de pichação do templo aconteçam. Segundo Dom Gregório, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) já aprovou o projeto, mas ainda é necessário fazer algumas adequações.
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A pichação é crime penal, sujeito a detenção de três meses a um ano e multa. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada, a pena sobe para seis meses a um ano de detenção e multa.
O trabalho de implantação das câmeras de monitoramento do CIOP levantou uma questão importante para tentar frear o vandalismo. Segundo a prefeitura, a Guarda Civil mantém 75 agentes nas ruas, que podem ser acionados para atuar em casos de ocorrências de pichação. As informações podem ser passadas pelo telefone 153. O município também garantiu que a Guarda Civil disponibilizará um efetivo diurno para atender as demandas que se apresentarem e forem detectadas pelas câmeras.
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