• Explosão em Cabreúva mata 4 e fere dezenas: ‘Ligo em hospitais para saber onde ele está’

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  • 01/09/2023 20:57
    Por Marcio Dolzan e Caio Possati / Estadão

    Uma explosão em uma empresa metalúrgica de Cabreúva, no interior de São Paulo, deixou quatro mortos e dezenas de feridos na manhã desta sexta-feira, 1º, segundo a prefeitura. O governo local diz que a empresa funcionava de forma irregular desde 2020.

    Cerca 30 vítimas deram entrada na unidade de pronto-atendimento (UPA) e na Santa Casa do município. “Dessas, 7 estavam em estado grave e foram entubadas, sendo transferidas para hospitais da região e da capital”, informou a prefeitura.

    O pai do ajudante de produção Pedro Eduardo Nascimento, de 20 anos, e o marido da designer de unhas Sirlene Dubas, de 38, se feriram na explosão e foram transportados de helicóptero para hospitais. Eles, porém, não sabem para quais unidades seus parentes foram levados.

    “Estamos aqui (na UPA) desde o meio-dia e ninguém sabe dizer onde meu pai está”, disse Nascimento. “A última informação que a gente tem é que ele sofreu queimaduras nas pernas, e pode estar em um hospital de São Paulo. Ligo em hospital por hospital para saber onde ele está”, relatou.

    Muitas das vítimas estavam sem documentos na hora da explosão, o que dificulta a identificação. A reportagem viu uma funcionárias da UPA entregar a Sirlene a aliança de casamento, que Paulo teria dado aos socorristas para fazer a joia chegar até a mulher. “Me falaram que ele precisou ser entubado, e que preciso voltar amanhã (sábado, 2) para ter atualização”, disse.

    Prefeito de Cabreúva, Antonio Carlos Mangini (PL) afirmou que vai decretar luto oficial na cidade. “Foram mais de 30 vítimas (feridos), muitas delas já socorridas e transferidas para hospitais da região.” Aproximadamente 40 pessoas trabalhavam na área no momento da explosão.

    Empresa estava irregular, afirma prefeitura

    O acidente aconteceu por volta das 10h em uma metalúrgica localizada na rua David Marcassa Lopes, no bairro Pinhal. Treze viaturas do Corpo de Bombeiros e três helicópteros Águia dão apoio aos bombeiros e às equipes da Defesa Civil. As causas da explosão ainda estão sendo investigadas, mas tudo indica que ela aconteceu em uma caldeira.

    O diretor de Comunicação de Cabreúva, Danilo Biazin, informou que a empresa Tex-tarugos funcionava de forma irregular pelo menos desde 2020. Eles entraram com pedido na prefeitura para ter o alvará, mas que não foi concedido porque o Corpo de Bombeiros não havia concedido o AVCB, o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.

    No local do acidente, o tenente dos Bombeiros Flávio Medrado confirmou a falta AVCB. O Estadão não conseguiu localizar a empresa.

    Segundo o porta-voz da Defesa Civil do Estado, o capitão Roberto Farina, a explosão ocorreu em um “forno alimentado por gás e madeira”, e não em uma caldeira, conforme havia sido divulgado anteriormente.

    A distribuição de gás foi fechada no terreno para evitar vazamentos e explosões. O local tinha estilhaços de vidro no chão, muro quebrado e o portão de metal da entrada da fábrica estava bastante danificado. Havia cheiro forte de pólvora.

    ‘Barulho foi muito forte; os vasos de casa chegaram a cair’, diz vizinha

    A técnica de enfermagem Suelen Silva, de 40 anos, trabalhou na ocorrência como voluntária. Ela mora a um quarteirão da fábrica onde aconteceu a explosão e foi até o local do acidente quando percebeu que a situação poderia ser grave.

    “Eu estava conversando com a minha mãe quando ouvi. O barulho foi muito forte. Uns vasos que estavam na parte de cima da parede chegaram a cair no chão”, lembra. “Eu ouvi o barulho de sirene de ambulância e fui para o local ajudar”. Ela relatou que a cena que viu foi de muitas pessoas gravemente feridas e o local com forte cheiro de queimado e “produtos químicos”.

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