Ex-presidente do Fed de NY diz que BC deve elevar juro em 75 pontos-base
O ex-presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York, William Dudley, disse nesta terça-feira, 14, que acredita que o banco central dos Estados Unidos vai aumentar os juros em 75 pontos-base amanhã, além do esperado inicialmente pela entidade.
Nesta semana, após os dados de inflação ao consumidor divulgados na sexta-feira, os mercados passaram da expectativa de um aumento de meio ponto porcentual para uma mudança de tamanho maior. “Minha sensação é que o Fed decidiu elevar em 75 pontos-base em vez de 50 por causa dos dados que obtivemos na última semana, mostrando uma inflação mais alta e talvez algumas notícias mais perturbadoras sobre as expectativas de inflação”, disse Dudley.
Mesmo longe do comando do Fed, o economista continua sendo uma voz influente nas questões do banco central e, em comentários recentes, criticou a instituição pela falta de agilidade em responder ao aumento da inflação que forçou os bancos centrais a mudar rapidamente de marcha na perspectiva das taxas.
O ex-banqueiro central considera o que o Fed tem pela frente como doloroso para a economia. “As pessoas vão ficar desempregadas” como resultado do que o Fed fará, de acordo com ele. Mas Dudley acrescentou ainda que não espera uma recessão no curto prazo, já que “a economia tem um impulso considerável pela frente”. “É precisamente por isso que o Federal Reserve precisa apertar um pouco a política monetária para desacelerar a economia”, disse.
Dudley foi acompanhado em evento do The Wall Street Journal por Ellen Meade, ex-economista de alto nível do Fed e membro da equipe. Ela concordou com Dudley que um aumento da taxa de 75 pontos base é provável nesta quarta-feira.
Ela observou que esse movimento, que não foi telegrafado por autoridades em comentários antes da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), cria novos desafios para um banco central que gosta de orientar os mercados para moldar suas expectativas.
“As comunicações são uma ferramenta muito importante e você precisa ser confiável”, disse Meade. O que aconteceu com a mudança de última hora nas expectativas de aumento das taxas é “um desenvolvimento incomum”, acrescentou.
Questionado se um aumento de 1 ponto porcentual, ainda mais agressivo, seria uma boa ideia, Dudley disse: “Você pode certamente usar esse argumento porque, se decidir que a velocidade para chegar lá é tão importante quanto o nível que você pretende atingir, então por que não chegar lá mais rápido?”.