• Ex-presidente de Burkina Faso é condenado à prisão por assassinar antecessor

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  • 07/04/2022 08:46
    Por Redação / Estadão

    Por décadas, o ex-presidente de Burkina Faso Blaise Compaoré preferiu evitar falar sobre Thomas Sankara, seu antecessor e velho amigo, assassinado em 1987 por soldados em seu gabinete. Nesta quarta, 6, porém, um tribunal militar confirmou velhas suspeitas de que Compaoré, agora no exílio, esteve de fato ligado ao assassinato de seu antecessor. A corte o condenou à revelia e o sentenciou a uma pena de prisão perpétua.

    O fortemente protegido tribunal da capital, Uagadugu, irrompeu em aplausos depois que a sentença foi lida – o clímax de uma aguardada tentativa de fazer justiça em relação a um dos mais infames assassinatos políticos da história da África. “É um alívio”, afirmou Paul Sankara, irmão caçula do presidente assassinado, sobre o veredicto. “Foi uma longa espera.”

    Desafio

    Sankara, um inflamado revolucionário marxista, tornou-se um dos presidentes mais jovens da história da África quando ascendeu ao poder, em 1983. Ao longo de quatro anos no cargo, ele rapidamente ganhou fama por seu governo escrupuloso e seu espirituoso desafio ao Ocidente, o que lhe rendia louvores por toda a África.

    Ele e outros 12 homens foram mortos em outubro de 1987, durante o golpe militar que levou ao poder Compaoré, um amigo de Sankara. Ao longo dos 27 anos seguintes, Compaoré comandou Burkina Faso com mão de ferro, até que uma insurreição popular o retirou da presidência, em 2014, forçando-o a fugir para a Costa do Marfim.

    No entanto, Compaoré dificilmente será preso. Ele rejeitou voltar a Burkina Faso para assistir ao julgamento, e a Costa do Marfim se recusou a extraditá-lo. Ele sempre negou qualquer responsabilidade pelo assassinato, apesar de suas justificativas terem mudado ao longo dos anos.

    Golpes de estado

    Foram ouvidos relatos de mais de 100 testemunhas que acusaram Compaoré e outras 13 pessoas pelo assassinato. Os procedimentos foram brevemente adiados, no fim de janeiro, após militares tomarem o poder em Burkina Faso, no mais recente de uma série de golpes de Estado desde que o país conquistou sua independência da França, em 1960. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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