• “Eutanásia” e “Em sociedade Tudo Se Sabe”

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 08/02/2023 08:00
    Por Fernando Costa

    Recebi  das mãos de meu confrade Luiz Carlos Gomes  a quem prezo, não pelos laços consanguíneos, mas, em fraternal convívio, duas obras de seu irmão Antônio augusto Gomes, ambas editadas pela  Starling Editora, de Belo Horizonte, Minas Gerais: “Eutanásia” e  “Em Sociedade Tudo Se Sabe”.

    A primeira, intitulada “Eutanásia”,  nos presenteia com vinte e um contos onde a vivência e aguçada memória do autor expõe aos leitores instigantes temas onde aborda o sentimento e diversas fases existenciais, sobretudo, o amor, a vida e  a morte na diuturna  realidade humana.

    Para além de seu esmero à retórica, semântica e prosopopeia predomina a sobriedade ao transitar pela alma coletiva, o tempo e os embates mundiais deixando fluir de suas mãos não o sangue oriundo das guerras, mas, a beleza sutil na interpretação do clamor, alegria, tristeza e embates no percurso da história.

    Vários textos chamam a atenção. Pinçarei “exempli gratia” “Sonho de Bailarina” “Helga”,  “Grace Kelly,”  “Malas Prontas” e “Eutanásia”.

    Refletem o fenômeno da vida, “as ruelas do desejo e o beco dos porquês”,  dia e noite, ontem, hoje e amanhã temperados de uma pitada de humor ou por vezes da sátira.

    A obra se intitula Eutanásia, em homenagem ao conto a ilustrar às fls. 112/131; relata  o “Eduardo” encarnado num “golfinho em alto mar” ou, ao “se deparar com o diagnóstico de grave enfermidade e morte”, pergunta ao médico se teria como ser submetido à “eutanásia”. Ela se define como  “a conduta pela qual se traz a um paciente em estado terminal, ou portador de enfermidade incurável   em sofrimento…”

    Longe de persuadir à personagem “Eduardo” a se curvar aos planos de Deus, assim me manifesta, porque em minha visão religiosa a vida é um dom de Deus, não temos o direito de dispor desse privilégio.  É o fundamento de todos os bens. É sagrada.  É nosso dever conservá-la e fazer frutificar, haja o que houver.

    No entanto, não me cabe perquirir nestas tênues e perfunctórias palavras, mas, sim louvar o ilustre petropolitano, engenheiro e, portanto, profissional da ciência exata atualmente residente em Belo Horizonte, Capital de Minas Gerais.

    Ao compulsar sua bibliografia encontramos coletâneas, antologias, e diversas obras de sua lavra, anteriormente publicadas, além de diversos lauréis conquistados  em concursos locais e nacionais.

    O luminar das belas letras J.G. de Araújo Jorge, a mim apresentado pelo, também, irmão no benquerer e baluarte das letras e cultura professor Paulo César dos Santos em agosto de 1983 cujo tempo cristalizou nossa amizade, certo dia me disse: “pelo anzol se conhece o peixe”.

    Seguindo esse fio condutor, o parafraseio ao dizer: “Eutanásia” e “Em Sociedade Tudo se Sabe”, são suficientes a dizer do quilate desse ourives da literatura.

    “Em Sociedade Tudo se Sabe” o autor se envereda pelas cercanias petropolitanas e cariocas, a Cidade Maravilhosa. Suas personagens, a exemplo de Doralice, bem merecia os palcos teatrais e realmente lembra as personagens de Nelson Rodrigues. Revive, dentre outras ícones da sociedade e do colunismo social Ibrahim Sued mencionado em bem construído texto de fls. 103/116.

     Antônio Augusto Gomes pertence a diversas arcádias culturais e, ser seu confrade da centenária Academia Petropolitana de Letras, de cujo panteão é Membro Correspondente  me honra e alegra.

    O ilustre escritor constrói providencialmente a vida e merece lugar de destaque à mesa do Olimpo Cultural. Quando lemos textos agradáveis e inovadores é como se provássemos um vinho de especial safra.

    Disse bem Antônio em proferir em sua dedicatória a mim dirigida: “Nós dividimos dois amores: pela literatura e por Petrópolis.” Mais um elo nos une, eu sou Antônio, também, por devoção a Fernando de Bulhões, depois, Santo Antônio de Lisboa ou Pádua, ao abraçar a confraria de Francisco e Clara.  Mereceu a honra dos altares.

    Brindemos, pois, Antônio Augusto e venham outras produções a enriquecer aos incontáveis leitores, admiradores e o escrínio da literatura brasileira.

    Últimas