• Eurocopa começa com muito equilíbrio, sem grande favorito e potências sob pressão

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  • 14/jun 07:00
    Por Fábio Hecico / Estadão

    A 17ª edição da Eurocopa dá seu pontapé inicial nesta sexta-feira, na Allianz Arena, em Munique, com Alemanha x Escócia, naquela que promete ser a maior e mais disputada competição ao longo de seus 64 anos. O mais importante torneio de seleções da Europa chega sem um favorito absoluto, com candidatos à surpresa, casos de Holanda, Portugal e Dinamarca, e com as gigantes do continente sob pressão de brilhar em solo alemão.

    Sede da Eurocopa, que contará com 24 seleções, a tricampeã Alemanha tentará aproveitar o fator casa para desencantar após 28 anos de jejum – não ergue o troféu desde 1996. Em contrapartida, a Espanha também correrá atrás do tetracampeonato, mas sem tanta pressão após dois títulos recentes (2008 e 2012).

    Os alemães vêm trabalhando em clima de festa para a competição, com treinos abertos com até quatro mil torcedores em Herzogenaururach. O lema da equipe vem no ônibus que conduz os jogadores: “A Alemanha está unida pelo futebol”.

    Ocorre que a seleção não passa das oitavas de final desde 2016. “Estamos bem preparados e confiantes. Não fomos bem nos últimos torneios, mas espero que possamos nos beneficiar da euforia do nosso país e do apoio da torcida para percorrermos um longo caminho”, afirma o capitão Gündogan.

    Por outro lado, a Inglaterra, outra potência, buscará seu primeiro título após fracassar na final caseira da edição passada, contra a Itália. Derrotada na decisão da Copa do Mundo para a Argentina, a França tentará apagar a má impressão dos últimos jogos na busca pelo terceiro título.

    Apesar de ser a detentora do título, a Itália chega à Alemanha com um grupo totalmente reformulado e mais uma vez sob desconfiança, como na edição passada. Primeiro pela maneira que buscou a classificação contra a Ucrânia, que reclamou muito de um pênalti no fim do jogo que definiu a segunda colocada do grupo nas Eliminatórias – estava 0 a 0.

    E pelas muitas trocas no grupo. São 18 novidades em relação ao time campeão em Wembley. O brasileiro naturalizado Jorginho é um dos poucos remanescentes. “Jogar sendo o campeão é um estímulo”, enfatiza o técnico Luciano Spaletti. “A Itália em 2021 não estava entre as equipes mais fortes no papel e, após a conquista, se tornou um grupo especial”, diz, ressaltando a sequência de 37 partidas sem derrotas na época.

    A seleção italiana chega à Alemanha com resultados modestos nos últimos amistosos de preparação (0 a 0 com a Turquia e apenas 1 a 0 na Bósnia e Herzegovina), o que a deixa sob alerta no “grupo da morte”. A estreia é dia 15, contra a Albânia. Ainda enfrentará Croácia e Espanha pelo Grupo B.

    A Inglaterra, vice campeã da edição passada ao perder o título em Wembley para a Itália, terá de buscar superação por causa dos tantos desfalques. Mesmo encabeçando as bolsas de apostas, a seleção não terá nomes de peso, casos de Rashford, Henderson, Maguire, Sterling, Grealish e Sancho.

    O técnico Gareth Southgate já deixou claro que deixará o comando da Inglaterra caso não conquiste o título. Mas evita colocar pressão desnecessária em sua renovada equipe. “Estou há oito anos na seleção e sempre perto (dos títulos). Se queremos ser uma grande equipe, temos de saber aproveitar os grandes momentos.”

    O astro será o artilheiro Kane, que mostra ambição. “Estou animado. Queremos fazer história aqui. Penso que essa equipe é uma das melhores, senão a melhor que já tivemos”, disse. “Temos jovens com talentos incríveis e destemidos.”

    Entre as equipes apontadas como candidata ao título, a Espanha espera se redimir das duas últimas edições. E o capitão Morata esbanja confiança. “Estamos aqui para vencer. Ganhar a Euro não é fácil, mas temos feito grandes melhorias, temos uma grande equipe e um grupo fantástico. Estamos preparados para enfrentar as dificuldades”, fala o centroavante. “Não estamos aqui de férias, será um mês de muito trabalho.”

    Campeão da Copa do Mundo como jogador (1998) e treinador (2020), e atuando na Eurocopa de 2000, o técnico Didier Deschamps tenta se redimir da queda precoce da edição passada da Eurocopa, quando a França foi eliminada pela Suíça nas oitavas de final, para fazer história. Sem erguer o troféu há 24 anos, o treinador aposta na força ofensiva, com Mbappé, Giroud e Griezmann para findar o longo jejum e fechar a conquista que falta como técnico.

    “Tivemos uma saída prematura na edição passada da Eurocopa. E quando você não vence, os detalhes que não importam sempre ganham foco. Em nível internacional muito elevado, vencer é muito difícil e se manter é ainda mais. Mas vamos como paixão, desejo e determinação”, observa o treinador.

    Os últimos resultados, contudo, geram questionamentos. O time não funcionou no 0 a 0 com o Canadá, sofreu diante da fraca Macedônia apesar dos 3 a 0 e foi derrotada pela Alemanha. A esperança é que Mbappé decida.

    Holanda, Dinamarca e Portugal aparecem como possibilidades a desbancar os campeões mundiais. No mais, são diversos candidatos a azarões para tentar aumentar o seleto grupo de 10 campeões em 16 edições. A última zebra ocorreu em 2004, com a Grécia levando o título na casa de Portugal, que se redimiu em 2016 ao desbancar a França.

    Cristiano Ronaldo é o grande astro e o comandante de Portugal na Euro. Em sua sexta edição, espera fechar com chave de ouro sua brilhante passagem pela seleção portuguesa. “Vamos com tudo”, avisou.

    O regulamento da edição passada foi mantido, com os dois melhores de cada chave classificados às oitavas de final, além dos quatro melhores terceiros. A competição seguirá com mata-matas até a grande final, dia 14 de julho, em Munique.

    Confira os grupos da Eurocopa:

    Grupo A – Alemanha, Hungria, Escócia e Suíça

    Grupo B – Espanha, Albânia, Croácia e Itália

    Grupo C – Inglaterra, Dinamarca, Eslovênia e Sérvia

    Grupo D – França, Áustria, Holanda e Polônia

    Grupo E – Bélgica, Romênia, Eslováquia e Islândia

    Grupo F – Portugal, Turquia, República Checa e Geórgia

    Jogos da primeira rodada:

    14/6

    Alemanha x Escócia, em Munique (16 horas, de Brasília)

    15/6

    Hungria x Suíça – Colônia (10 horas)

    Espanha x Croácia – Berlim (13 horas)

    Itália x Albânia – Dortmund (16 horas)

    16/6

    Sérvia x Inglaterra – Gelsenkirchen (10 horas)

    Eslovênia x Dinamarca – Stuttgart (13 horas)

    Polônia x Holanda – Hamburgo (16 horas)

    17/6

    Áustria x França – Düsseldorf (10 horas)

    Bélgica x Eslováquia – Frankfurt (13 horas)

    Romênia x Ucrânia – Munique (16 horas)

    18/6

    Turquia x Geórgia – Dortmund (13 horas)

    Portugal x República Checa – Leipzig (16 horas)

    Veja a lista de todos os campeões do torneio:

    1960 – Rússia

    1964 – Espanha

    1968 – Itália

    1972 – Alemanha

    1976 – República Checa

    1980 – Alemanha

    1984 – França

    1988 – Holanda

    1992 – Dinamarca

    1996 – Alemanha

    2000 – França

    2004 – Grécia

    2008 – Espanha

    2012 – Espanha

    2016 – Portugal

    2020 – Itália

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