• EUA: lei contra imigrantes ilegais chega ao fim; governo diz que ‘fronteira não está aberta’

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  • 12/05/2023 10:22
    Por Redação / Estadão

    A entrada recorde de imigrantes nos Estados Unidos sobrecarregou os serviços de fronteira nos Estados da Califórnia, Novo México, Arizona e Texas nesta sexta-feira, 12, com o fim do Título 42, legislação que permitia a Washington expulsar e mandar de volta os imigrantes para o México em razão da pandemia.

    Em alguns lugares ao longo da fronteira, milhares de pessoas de vários países distantes, incluindo Venezuela, Peru, Brasil, Gana e Tailândia, esperavam em filas ordenadas para se entregar aos agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA e pedir asilo.

    A guarda de fronteira apreendeu em média 8.750 migrantes por dia nesta semana, mais que o dobro do pico da crise de 2019. Nos últimos dois dias, em toda a fronteira sul mais de 11.000 migrantes cruzaram por dia a fronteira sul ilegalmente, segundo dados internos obtidos pelo The New York Times. As instalações migratórias que processam a situação desses imigrantes já tem 25 mil pessoas detidas, 10 mil a mais do que sua capacidade máxima.

    A situação piorou exponencialmente com o fim da validade do chamado Título 42, regra ativada durante a pandemia que permite a expulsão automática de quase todos aqueles que chegam sem visto ou documentação necessária para entrar no país. A regra foi criada há três anos, no governo Donald Trump.

    As autoridades norte-americanas esforçaram-se por manter a ordem ao longo da fronteira na quinta-feira, 11, enquanto os imigrantes atravessavam o Rio Grande, faziam fila nas pontes internacionais, enchiam os centros de processamento de imigração e se amontoavam nos passeios das cidades fronteiriças americanas.

    O Secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, foi duro na noite de quinta-feira, dizendo numa declaração que as pessoas que chegassem à fronteira ilegalmente seriam “presumivelmente inelegíveis para asilo”. “Não acreditem nas mentiras dos contrabandistas”, acrescentou. “A fronteira não está aberta”

    Mas a pressão aumenta. As instalações de detenção geridas pela Patrulha Fronteiriça já ultrapassaram a sua capacidade em cerca de 10 mil pessoas.

    No contexto da campanha para as eleições presidenciais de 2024, em que a migração é uma questão central, a administração do presidente democrata Joe Biden tomou o assunto nas suas próprias mãos, numa tentativa de travar a eventual chegada “caótica” de migrantes à fronteira com o México.

    O que acontece agora que o Título 42 acabou?

    Ninguém sabe ao certo, mas depois de três anos de procura reprimida, que coincidiu com um aumento global da migração, o governo dos EUA espera que 13 mil pessoas atravessem a fronteira diariamente, contra cerca de 6 mil num dia típico de grande movimento. E o seu processamento será mais lento; a utilização do Título 42 demorava cerca de 10 minutos, em comparação com uma hora ou mais ao abrigo da legislação atual.

    Na fronteira, três cidades do Texas – Brownsville, Laredo e El Paso – declararam o estado de emergência antes de o Título 42 expirar, à medida que se enchiam com o fluxo de imigrantes que atravessavam a fronteira.

    Em resposta, os funcionários da Casa Branca disseram que trabalharam durante meses para se prepararem para um provável fluxo, ordenando que 1.500 soldados fossem para a fronteira. Está sendo oferecida aos migrantes uma nova via legal para entrarem no País se fizerem o pedido online e cumprirem determinadas condições.

    Em se tratando de consequências políticas, os republicanos estão dispostos a usar as cenas de caos para reforçar os seus ataques políticos contra os democratas, acusando-os de não conseguirem proteger a fronteira. (Com agências internacionais).

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