EUA afirmam que quase metade das tropas russas estaria em posição de ataque
Quase metade das tropas russas na fronteira com a Ucrânia está em posição de ataque, de acordo com um oficial de defesa dos EUA. Washington, que estima que a Rússia mobilizou mais de 150 mil militares perto da Ucrânia, observou significativos movimentos desde quarta-feira, disse o funcionário que pediu para não ser identificado. Poucos dias depois de a Rússia prometer retirar tropas da fronteira com a Ucrânia e amenizar a crise com o país vizinho e a Otan, o risco de conflito aumentou dramaticamente na região nesta sexta-feira, 18.
“Entre 40 e 50% (das tropas) estão em posição de ataque. Elas realizaram reuniões táticas nas últimas 48 horas”, completou a fonte a repórteres. Os pontos de encontro ficam próximos da fronteira onde se concentram as unidades militares para atacar. Moscou acumulou 125 formações táticas na fronteira com a Ucrânia, contra 60 em tempos normais.
Ao mesmo tempo, a campanha de desestabilização russa começou, disse o funcionário, com a Rússia acusando a Ucrânia de genocídio em Donbas, realizando operações supostamente falsas. Na sexta-feira, um veículo militar explodiu na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, perto do prédio do governo local, sede da autodeclarada República Popular de Donetsk.
Os vídeos postados online na sexta-feira por separatistas apoiados pela Rússia anunciaram uma “retirada imediata” da região devido ao que eles alegaram ser uma ameaça de ataque iminente da Ucrânia.
Mas os metadados embutidos nos arquivos de vídeo traíram a espontaneidade das imagens. Eles mostraram que os arquivos foram criados dois dias antes. Os vídeos aparentemente pré-gravados enviados pelo Telegram, um serviço de mensagens e rede social, apoiaram fortemente o que as autoridades dos EUA alegam há dias: a Rússia e os rebeldes que ela apoia no leste seguindo um roteiro para incitar um conflito.
Na mesma época em que os arquivos foram criados, centenas de projéteis atingiram as tensas linhas de frente na região, informações desencontradas sobre um jardim de infância ter sido atingido foram publicadas, sinais de GPS foram bloqueados e a rede de telefonia celular apagou durante a noite. Isso foi seguido pelo anúncio para uma retirada dos moradores para a Rússia e o carro-bomba em Donetsk.
O que começou como uma troca de acusações, em novembro do ano passado, evoluiu para uma crise internacional com mobilização de tropas e de esforços diplomáticos
Em uma região onde os separatistas pró-Rússia lutaram por anos contra as forças do governo ucraniano, a disputa é tanto pelo controle da mensagem quanto pelo território. O governo ucraniano diz que todo o país está assolado por uma “guerra híbrida” na qual a Rússia ataca a economia do país, sua infraestrutura online e suas próprias fronteiras – tudo sem a necessidade de lançar uma invasão armada em grande escala.
Os EUA insistem há semanas que a Rússia prepara um pretexto para invadir sua vizinha pró-Ocidente. A Rússia rejeita sistematicamente as acusações e exige garantias de que a Ucrânia não será incorporada à Otan. Em 2014, a Rússia invadiu e ocupou a região da Crimeia, na Ucrânia, com o apoio de separatistas com ideias semelhantes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)