• Estudante petropolitano de moda ganha destaque no meio artístico

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  • 25/02/2018 07:00

    Como você se imagina profissionalmente daqui a dez anos? Bastou um lápis na mão e ideias na cabeça para que Gabriel Henrique desse início, em 2008, à sua trajetória na moda. Agora, uma década depois e aos 21 anos de idade, já são pouco mais de dois mil croquis criados por ele que vão muito além de traços, sombreados e cores. Como o próprio petropolitano enfatiza, são desenhos que exprimem significado literalmente entrelinhas. Prova disso são suas criações inspiradas na arquitetura dos principais cartões-postais de Petrópolis e também na vida de Maysa Matarazzo, sendo que os frutos deste projeto obtiveram prestígio, inclusive, por parte do próprio filho da renomada artista brasileira.

    O que começou como um hobby aos 11 anos de idade rapidamente se tornou uma paixão. Depois de assistir a uma telenovela ambientada no mundo da moda, Gabriel Henrique foi inspirado a começar a desenhar. Aos poucos viu que levava jeito para o ramo e, depois de anos de prática e dedicação, desenvolveu sua própria identidade de criação. O jovem conta que, até o momento, o croqui de que mais se orgulha é o que teve como inspiração a cantora Maysa. Afinal, foi ele o responsável pela reviravolta em sua carreira.

    “Sempre fui muito fã da Maysa Matarazzo. No começo deste ano foi o aniversário de 41 anos da morte dela e, pensando em homenageá-la, fiz um desenho inspirado em sua carreira. A modelagem dele é inspirada nos anos 50 por ser a época em que ela começou a cantar. Elaborei uma saia vermelha para retratar seu temperamento forte, sendo que nela também incluí a palavra ‘ouça’, uma de suas músicas mais famosas. Na blusa, por sua vez, reproduzi os olhos da Maysa que, inclusive, eram sua logomarca. Publiquei meu trabalho no Instagram e, depois de alguns meses, um fã clube repostou meu desenho. Nisso consegui que o filho dela, o Jayme Monjardim, notasse meu croqui e se interessasse por outras das minhas criações”, conta ele.


    Jayme, que é diretor de cinema e televisão, se encantou pelo talento do petropolitano e pela forma conceitual com que criou a peça, o convidando a desenvolver figurinos exclusivos para a cantora, compositora, atriz e apresentadora, Tânia Mara, com quem é casado. Os dois vestidos desenhados por Gabriel foram usados em duas apresentações da artista, sendo uma delas a gravação do DVD do cantor sertanejo Rob Nunes. 

    “Fiquei muito feliz em saber que uma pessoa tão importante acreditou na minha ideia e também por ter conseguido um trabalho desta magnitude no começo da minha carreira. Geralmente as pessoas não levam fé no que está apenas no papel. O Jayme e a Tânia são grandes pessoas. Não são todos que dão oportunidade a um iniciante. Descobrir talentos também é um talento”, diz ele.


    O jovem, que atualmente cursa o quarto período da graduação em moda, conta que tem facilidade em criar com base na observação e que, por isso, surgiu com a proposta de retratar Petrópolis sob outros olhos em seus croquis. Os principais locais abordados por ele foram o Palácio de Cristal e o Museu Imperial, sendo as hortênsias também elementos presentes no projeto por terem sido marca registrada da região durante décadas.

    “Sempre fui muito conceitual no sentido de querer que minhas inspirações fossem reconhecidas visualmente. Transformei os pontos turísticos em texturas e estampas, sendo que a cartela de cores foi atrelada ao grafite para mostrar que Petrópolis tem um lado urbano, não sendo apenas uma cidade bucólica e turística. Para a silhueta, levei como inspiração a Era Vitoriana, devido à data de inauguração da cidade. As criações inspiradas no traje cerimonial do Imperador, por sua vez, são marcadas pelo amarelo devido à forte presença das penas de papo de tucano na peça original”, explica o artista.

     

    Gabriel Henrique utiliza as plataformas digitais para divulgar seu trabalho e nelas já foi notado por personalidades como a atriz Luíza Brunet, o estilista Ronaldo Fraga e a cantora Fernanda Abreu. Ele almeja continuar trabalhando para ter um diferencial, algo que já vem demonstrando a partir do significado presente por trás de seus recentes projetos.

    “Eu me inspiro em fontes diferentes, mas acho que não olho para as coisas da mesma forma que já olhei um dia. Na moda as pessoas deixaram de criar do zero. Tudo que é se cria é uma citação de algo que já existiu como uma pintura ou uma modelagem de roupa antiga. Pode ser parecido, mas nunca será igual porque o artista traça novos caminhos. Acho, inclusive, muito interessante ver com nosso estilo muda ao longo dos anos, é espantoso, na verdade”, conclui ele.

     

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