• Estabelecimentos em Itaipava são citados em esquema de lavagem de dinheiro

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  • 17/jun 19:08
    Por Maria Julia Souza

    Na última quinta-feira (13), agentes da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam, através da operação “Shell Company”, quatro acusados de integrarem uma organização criminosa que praticava lavagem de dinheiro e realizou fraudes bancárias em grande escala, movimentando aproximadamente R$ 500 milhões. Segundo o inquérito da Polícia Civil, os envolvidos criaram empresas de fachada em nome de “laranjas” e fizeram empréstimos bancários fraudulentos em detrimento do Banco Santander, causando um prejuízo de mais de R$ 8 milhões ao banco.

    Leia Também: Polícia Civil e MPRJ cumprem mandados de prisão em Petrópolis contra acusados de lavagem de dinheiro e fraudes bancárias

    Ainda de acordo com o documento, o esquema do grupo utilizava documentações falsas para criar empresas de fachada e utilizá-las para conseguir empréstimos milionários e desviá-los em proveito próprio. Ao menos 12 empresas fictícias foram utilizadas pelo grupo. Os crimes ocorreram entre os anos de 2019 e 2020.

    O inquérito da Polícia Civil destaca que Jeferson de Aguiar Leal, Fernanda Rebello, João Vitor Hibner de Figueiredo e Rhamonna Pipa Costa Sabbadim abriram contas bancárias em nome de pessoas jurídicas (“laranjas”), realizando a movimentação artificial de valores entre as contas fictícias (transferência de valores de uma conta para outra sucessivamente) elevando o score de crédito. 

    Na sequência, foram concedidos pelos ex-gerentes do Banco Santander, Leonardo de Oliveira Tonelli e Osiris Alves de Luca Filho, créditos diversos, como cheque especial, duplicatas, empréstimos pessoais, financiamento de veículos, entre outros, em altos valores. Em seguida, os valores creditados eram transferidos para as contas bancárias de pessoas jurídicas e físicas. 

    Além do Banco Santander, outras instituições bancárias também foram alvo do grupo, mas não foram citadas no processo (nº 0003761-39.2022.8.19.0042).

    Empresas fictícias envolvidas no esquema

    De acordo com o inquérito da Polícia Civil, muitas empresas envolvidas no esquema já existiam e estavam inativas, sendo realizadas alterações para incluir o nome dos “laranjas” e abrir as contas bancárias. 

    Dentre as empresas citadas no processo estão: Agronegócios Dois Irmãos Eireli; Construmais Material de Construção e Serviços Eireli; Fafegas Comércio Ltda Me; Rodomaster Indústria e Comércio de Implementos Rodoviários Eireli; High Speed Transporte e Logística Eireli; Caminho Livre Transporte e Logística Eireli; Andromeda Transporte e Logística Eireli;  ACL Agrocomercial e Prestação de Serviços Eireli; Mega Transportes e Logística Eireli; Onix Logística e Transportes de Cargas Eireli; Velocista Transporte e Logística Eireli; e Go Empreendimentos e Incorporações Eireli. 

    “O relatório de análise dos endereços das empresas evidencia que nunca funcionaram nestes locais, ao passo que os sócios mantêm domicílios em locais extremamente pobres, demonstrando o uso destes como fantoches, seja de maneira consciente, emprestando o nome para o cometimento de fraudes, seja de maneira viciada, sem o respectivo consentimento”, informou o documento.

    Lavagem de dinheiro

    O relatório aponta que todos os envolvidos construíram um significativo patrimônio e passaram a usufruir dos benefícios oriundos do esquema realizado pelo grupo. Rhamonna figura como sócia-administradora na empresa Urban Centro Esportivo Ltda, em Itaipava, no mesmo endereço onde funciona a pessoa jurídica Top Esportes, cujo acionista é Jeferson.

    Em 2022, segundo o documento, a Urban teria transacionado valores com empresas criadas para lavar capitais e recebendo cifras milionárias sem origem justificada, “como se constata pelo recebimento de R$ 1.289.646,03 do Banco Bradesco.”

    Ainda de acordo com o relatório, a Urban é acionista de dezenas de empresas, como: Preditiva de Petrópolis Auto Posto Ltda; Posto de Gasolina Praia do Leme Ltda; Centro Automotivo Posto Olaria Ltda; All Win Participações Ltda; Auto Posto Jtx Ltda; Posto Ecológico Noronha Torrezão Ltda E Auto Posto Gasolina Recreio. 

    Já Leonardo e Osiris adquiriram cotas societárias do empreendimento WLO Comercio de Alimentos e Bebidas Ltda, restaurante conhecido pelo nome Chateaux Bistrot, também em Itaipava. 

    Inquérito foi aberto após denúncia do Banco Santander

    O inquérito policial foi instaurado a partir de uma notícia-crime protocolada pelo Banco Santander, que de acordo com a Polícia Civil, apresentou, em resumo, fatos acerca de fraudes milionárias massivas, que ocorreram na agência localizada na Avenida Koeler, em Petrópolis.

    De acordo com a Polícia Civil, o dossiê apresentado pelo Santander detalhou uma sequência de irregularidades que deram origem a abertura das contas bancárias para as empresas Agronegócios Dois Irmãos Eireli, aberta por Leonardo, e Construmais Material de Construção e Serviços Eireli, aberta por Osiris. 

    Em resposta à equipe da Tribuna, o Banco Santander informou que “está atuando na operação em total cooperação com a Polícia, por meio da sua área de Inteligência. O Banco reforça que possui sistemas altamente eficazes para identificar eventuais desvios de conduta e garantir, assim, que seus clientes não tenham qualquer perda financeira.”

    A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos, mas o espaço permanece aberto para a manifestação dos mesmos. 

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