• Esquerda mostra força em eleições regionais na Itália

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  • 04/10/2021 18:40
    Por Redação, O Estado de S.Paulo / Estadão

    O começo da apuração dos votos nas eleições regionais da Itália aponta uma retomada da centro-esquerda pelo eleitorado do país. Após o fechamento das urnas nesta segunda-feira, 4, projeções feitas a partir da contagem parcial dos votos apontam que alianças de forças da esquerda devem conquistar o controle de importantes cidades, como Nápoles, Bologna e Milão, ainda no primeiro turno. Outras duas capitais em disputa, Roma e Turim, também devem ter representantes de centro-esquerda no segundo turno.

    O resultado do momento pode ser considerado um sucesso principalmente para o Partido Democrático (PD), sigla tradicional na esquerda italiana, que nas últimas eleições nacionais não conquistou um bom resultado, perdendo espaço para siglas de extrema direita. Nas regionais, as alianças formadas pelo PD foram protagonistas nas capitais em disputa.

    Nas capitais que devem conhecer seus próximos prefeitos ainda no primeiro turno, o PD está em todas as alianças. Em Milão, o prefeito Giuseppe Sala, líder de centro-esquerda e também defensor do Partido Verde da Europa, reivindicou uma vitória decisiva para um segundo mandato com base em resultados parciais que indicavam que ele teria 56% dos votos na capital financeira e da indústria da moda da Itália, batendo o candidato apoiado pela Liga de Matteo Salvini, Luca Bernardo.

    Em Nápoles, o ex-ministro Gaetano Mandredi tinha 64,1% dos votos no fim da tarde (noite na Itália) desta segunda – enquanto pesquisas projetavam que ele terminaria o pleito com 61% a 65% dos votos. Em Bologna, Matteo Lepore possuía 62% dos votos, tendo um resultado esperado na mesma margem de Mandredi.

    Nos dois últimos casos, além do PD e dos demais partidos de centro-esquerda, a coalizão progressista foi acompanhada pelo Movimento Cinco Estrelas, partido anti establishment do ex-premiê Giuseppe Conti, em uma espécie de “aliança teste” que pode ser a chave para enfrentar a extrema direita nas eleições gerais de 2023.

    “Você vence onde amplia a coalizão”, disse o líder do Partido Democrata, Enrico Letta, citando as vitórias definitivas da chapa conjunta no primeiro turno em Nápoles e Bologna. Segundo o líder da centro-esquerda, as vitórias no primeiro turno – e as vagas quase certas no segundo turno em Roma e Turim – mostraram que “a centro-direita é derrotável”, completou.

    Apesar das vitórias ao lado do PD, o Movimento Cinco Estrelas pode ser considerado um dos grandes derrotados nas eleições regionais. Onde o partido se negou a integrar a coalizão de centro-esquerda – Roma, onde a atual prefeita Virginia Raggi pertence à sigla, e Turim, tradicional reduto dos anti establishment – a legenda ficará de fora da disputa.

    Em Turim, Stefano Lo Russo, de centro-esquerda, lidera a disputa, com projetados 44% a 48% dos votos, enquanto Paolo Damilano, candidato de direita apoiado por Liga, Forza Itália e Irmãos de Itália, deve ir ao segundo turno com um porcentual entre 36,5% e 40,5%.

    Se as projeções se mantiverem, o segundo turno do prefeito de Roma colocará o democrata Roberto Gualtieri, um ex-ministro das Finanças, contra Enrico Michetti, um comentarista de rádio escolhido por Giorgia Meloni, que lidera o Irmãos de Itália, partido conservador, próximo da extrema direita.

    Pelas projeções, Michetti parecia destinado a receber 30,6% dos votos do primeiro turno, em comparação com 26,9% para Gualtieri e 19,6% cada para Raggi e Carlo Calenda, um ex-ministro centrista, de acordo com projeções para a TV estatal na noite de segunda-feira, cinco horas depois do fechamento das urnas. A chave para vencer o segundo turno deve ser a conquista do apoio do Movimento Cinco Estrelas, apesar da derrota decepcionante de Raggi.

    Apesar das alianças em outras regiões do país, a adesão imediata do M5E não é tão clara em favor da centro-esquerda. Facções de direita e de esquerda de dentro do partido vêm disputando influência na tentativa de direcionar eventuais coalizões.

    No cenário nacional, o partido governou uma coalizão apoiada pela Liga, de junho de 2018 a setembro de 2019, período em que Giuseppe Conti era premiê do país. Após a quebra da aliança com a extrema direita, Conti formou um segundo governo, com apoio do PD.

    Letta tem tentado convencer o populista Movimento 5 Estrelas a abraçar alianças de campanha com vistas à votação nacional para o Parlamento no início de 2023. Ele está determinado a excluir do próximo governo da Itália as forças de direita que nos últimos anos vêm ganhando popularidade, especialmente nas corridas para governador e especialmente os liderados de Matteo Salvini.

    Ao todo, 12 milhões dos 60 milhões de habitantes da Itália podiam votar em 1.000 cidades e vilas em todo o país, mas a participação, de pouco menos de 55%, caiu 7% em comparação com as últimas eleições para prefeito em 2016. Onde for necessário um segundo turno, a votação acontecerá nos dias 17 e 18 de outubro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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