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  • 30/jan 08:00
    Por Fernando Costa

    Para que se construa um futuro menos árido e mais feliz, façamos de conta que nossa origem se constitua numa escola de samba em dia de apresentação na passarela da Marquês de Sapucaí, palco onde se assiste ao maior espetáculo do mundo em céu aberto.

    Preliminarmente, necessitamos de uma impecável comissão de frente.

    Sim, porque ela desempenha, exibe e dá uma sinopse do enredo.

    Tem o fim precípuo, como o primeiro contingente humano de uma instituição do baile maior, a função de saudar o público e os jurados, isto é, a exposição da escola, pois, ela transmite a mensagem que deseja passar à plateia ávida em deslumbramento e sucesso. 

    No entanto, se necessita de um belo casal de mestre-sala e porta-bandeira, neste texto, eles representam nossos pais.

    São atores, diretores e protagonistas de uma impecável configuração nessa trajetória. 

    Ao decorrer do majestoso desfile impossível faltar os pastorinhos, representantes de nossa infância pura e descomprometida.

    As baianas, por extensão, formadas pela ala das professoras, catequistas, orientadoras, médicas, enfermeiras, babás, enfim, elementos fundamentais em nossa formação trarão para a rua a história em seu esplendor, pano de costa e gigantescas saias rodadas. 

    A bateria é essencial para o ritmo da existência, cadenciada, equilibrada e alegre.

    Um ciclo insosso é desagradável.

    O puxador, (livra-nos Deus, por usar esse termo; Jamelão da Mangueira odiava ser chamado de “puxador”, dizia que “quem puxava era o cavalo”) ele era o intérprete,  figura central desse desfile.

    Sim, se a pessoa não conduzir a vida nutrida em beleza, cadência e arte, com certeza, descerá do grupo especial e estará fadada ao segundo ou os de acesso e terá de retornar a Madureira.

    Enfrentará as agruras de uma classificação para, finalmente figurar entre as grandes.

    A vida não nos permite participação em blocos de sujo das periferias.

    Ela aprecia, valoriza e prestigia, em sua maioria, ainda que seja por  aparência.

    Foge de quem vive em lamúrias e comiseração.

    Por isso, sejamos como o passista e  a rainha de bateria; malemolentes, cadenciados, sorridentes, acrobatas, artistas ora no picadeiro, na ribalta, outras tantas no globo da morte e afinal na Sapucaí de nossos sonhos ante milhões de espectadores e fãs a nos aplaudir.

    Tudo dependerá da postura e interpretação.

    A longevidade carece de fé, esperança, força de vontade, obstinação e resiliência, essa, palavra da moda.

    As pessoas ao nosso redor e integrantes do elenco contido neste arrazoado são o pessoal do barracão, pois, sem uma escultura perfeita, carros alegóricos arquitetados, bordados, luz, montagem, pintura, acabamento, brilho e purpurina, pouca chance lhe restará.

    Os condutores, a equipe de apoio e a direção de harmonia garantirão a passagem da agremiação antes de se fechar o portão na dispersão.

    Você, eu, nossos irmãos e filhos somos os arlequins, colombinas e pierrôs, em meio ao confete e serpentina, carnavalescos dessa manifestação, contudo, o samba-enredo precisa estar em perfeita consonância a que ele se materialize na avenida do viver e agrade ao público, jurados e, finalmente, lhe renda o sonhado dez!

    Devemos nos mirar em antepassados e, sobretudo, em nossos avós, de forma simbólica a velha guarda.

    Ela coordenará a ala estável e correta a não perdermos pontos porque nos compete conduzir as alegorias, adereços, fantasias e arranjos essenciais ao deslumbrante espetáculo que é viver.

    Portanto, estejamos atentos aos diretores e ao chefe de ala a que a escola seja a vencedora e suba ao pódio da permanência na classe superior e um dia retorne ao desfile maior no interminável festim celestial. 

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