• Espelho mágico

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  • 16/05/2016 12:55

    Quem assistiu ao magnífico Espelho Mágico (2005) do veterano cineasta português Manoel de Oliveira, pode sentir o poder dramático da Dança Macabra de Saint-Saëns, música-tema que abre e fecha o filme. Depois de vê-lo, eu não consigo mais ouvir a música sem lembrar da deslumbrante obra, que tem a morte em seu cerne; aliás, diversos tipos de morte: da fé, do corpo, da moral, etc. 

     O conto Branca de Neve, na versão dos irmãos Grimm, guarda algumas diferenças das muitas versões que se popularizaram antes e após a compilação feita por eles em seu livro. No início da história contada pelos Grimm, uma rainha costurava, no inverno, ao lado de uma janela negra como o ébano. Ao lançar o olhar para a neve, picou o dedo com a agulha, e três gotas de sangue pingaram sobre a neve, o que a deixou admirada e a fez pensar que, se tivesse uma filha, gostaria que fosse "alva como a neve, rubra como o sangue e com os cabelos negros como o ébano da janela". Não tardou, e a rainha teve uma filha de descrições idênticas ao seu pedido. Mas, tão logo sua filha veio ao mundo, a rainha faleceu. O pai deu à filha o nome de Branca de Neve, e logo tornou a casar com uma mulher arrogante, esnobe e vaidosa, possuidora de um espelho mágico que só falava a verdade. A rainha consultava seu espelho, perguntando quem era a mais bela do mundo, ao que ele sempre respondia: "Senhora Rainha, vós sois a mais bela". Quando Branca de Neve fez dezessete anos, e um dia a madrasta perguntou: "Quem é a mais bela de todas?", e o espelho não tardou a dizer: "Você é bela, rainha, isso é verdade, mas Branca de Neve possui mais beleza." Como personagem literário, Merlin é criação do cronista medieval Godofredo de Monmouth.  Robert de Boron, escritor francês do século XII, foi um dos que mais desenvolveu o personagem de Merlin. Em sua obra, Robert diz que o pai de Merlin era um demônio, e que o bebê era destinado a ser um profeta do mal. Porém, graças à virtude da mãe, os planos do demônio são frustrados, e os poderes de Merlin passaram a servir boas causas. Merlin torna-se conselheiro de Artur no início do seu reinado, e guia o rei para que obtenha Excalibur da Dama do Lago. Conta a lenda, que Merlin, certa vez andando pelos corredores do castelo, encontrou um aposento totalmente escuro. Dentro, um espelho possuía luz própria. Começou a se relacionar com o espelho que o ajudava nas suas previsões. Um belo dia chegaram ao castelo três caminhantes. Chamavam-se: Mister L, Mister J e Miss D. Curiosos sobre o espelho, perguntaram a Merlin se poderiam utilizá-lo para prever o futuro. Merlin deu o consentimento e levou-os à frente do espelho. Mister L perguntou se a sua vida ia melhorar, pois ele era um simples caminhante. O espelho respondeu que uma grande oportunidade lhe ia ser dada, mas que a sua ignorância faria com que ele a desperdiçasse. Mister J questionou sobre a possibilidade de ficar rico. O espelho disse que materialmente, sim, ele iria juntar muito dinheiro, mas ficaria cada vez mais pobre de espírito. Finalmente a Miss D indagou sobre o seu futuro. Ele disse que seria brilhante, mas pela má influência de Mister L, ela tudo perderia. Todos nós temos um espelho mágico em nossa casa. Procure consultá-lo sempre que possível, não só como oráculo, mas também como consciência para corrigir os nossos erros e nunca utilize para bailar a Dança Macabra. 

    achugueney@gmail.com 

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