• Especialistas da Fiocruz integram projeto em Angola para atualização de mapa sobre doenças transmitidas por insetos

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  • 06/maio 11:15
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Divulgação

    Um grupo de especialistas da Fiocruz embarcou para a Angola, em abril, para uma missão que busca a atualização do mapa entomológico do país africano, uma necessidade que foi reforçada após o primeiro registro do mosquito “tigre-asiático” (Aedes albopictus) no território angolano, em 2025. O objetivo do trabalho é levantar novos dados sobre a situação epidemiológica das doenças transmitidas por vetores na região.

    Até a última sexta-feira (02), os especialistas atuaram nas cidades de Luanda, Lobito, Lubango e Saurimo. A iniciativa teve coordenação do Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS), com gestão das analistas Erica Kastrup, Cláudia Turco e Cláudia Presotto. Já o ponto focal da coordenação técnica no Brasil é a pesquisadora da Fiocruz Rondônia, Genimar Rebouças Julião.

    “Esse projeto tem por objetivo principal o fortalecimento estruturante e sustentável da Vigilância Entomológica do país, uma iniciativa do governo Angolano por meio do seu Ministério da Saúde e o programa regional REDISSE IV. Nesse sentido, parcerias e cooperações firmadas desde 2023 procuram priorizar as necessidades da população, seriamente afetada pelas doenças com transmissão vetorial, como a malária”, explica Genimar.

    A equipe multidisciplinar que iniciou o trabalho em Angola é composta por entomólogos, biólogos, ecólogos, geógrafos, médicos e veterinários. Dois geógrafos do Fórum Itaboraí (Fiocruz Petrópolis) participam da missão: Caiett Genial e Bruno Cesar dos Santos. Eles estão atuando na formação na área de Cartografia e Geoprocessamento, além da Vigilância Cidadã, que é a geração de dados a partir dos moradores das localidades situadas nos municípios e províncias de Angola. A partir disso, será alimentado um banco de informações que irá complementar os dados das coletas de campo para construção do mapa atualizado.

    Sobre o projeto

    O REDISSE (fase IV) é um projeto de Melhoria dos Sistemas de Vigilância Regional financiado pelo Banco Mundial e constitui um programa que apoia e incentiva os países da África Central no enfrentamento de doenças e epidemias ocasionadas pelo desequilíbrio na interface humano-animal-ambiental. O objetivo é promover melhorias nos sistemas de saúde e na capacidade diagnóstica, de detecção e de prevenção, que permitam respostas mais rápidas e eficientes às ameaças de Saúde Pública regional e global.

    “Várias estratégias têm sido implementadas para incrementar a vigilância contínua dos agentes infecciosos transmitidos por mosquitos, carrapatos, moscas, piuns, maruins e outros artrópodes vetores presentes em Angola. Em 2012, o país elaborou o Mapa Entomológico de Angola, documento que detalha a distribuição de espécies de mosquitos anofelinos em todo o território angolano, com agregação de dados de densidade relativa e níveis de resistência a inseticidas”, conta Genimar.

    Coordenador da equipe técnica do projeto em Angola, José Franco Martins, também chefe do Departamento de Controle de Doenças e coordenador do Programa Nacional de Combate à Malária afirma que este trabalho de atualização enquadra-se como um exercício de fundamental importância, cujo a necessidade surgiu a partir da epidemia de febre amarela em 2016 aliado ao crescente casos de arboviroses, como Dengue e Chikungunya, bem como casos de Zika.

    “E pelo fato de o país estar intensificando a vigilância das arboviroses e outros vetores, como por exemplo o Anofeles stenphensi (mosquito transmissor da malária), julgamos ser oportuno atualizar o mapa entomológico para conhecermos os vetores transmissores de doenças e, com isso, podermos definir as melhores estratégias de combate”, destacou José Franco.

    Sobre a participação da Fiocruz no trabalho, ele acrescentou que agrega ao componente de sustentabilidade com, inicialmente, a formação de técnicos angolanos e, através desta, a criação de capacidade local para garantir a continuidade destes exercícios em períodos mais curtos. “Também se torna importante para nós pela partilha de boas práticas relativamente à iniciativa de vigilância cidadã, que permitirá criar um banco de imagem para fins pedagógicos por um lado e para orientar a população em medidas a adotar em caso de acidente com esses vetores”, disse.

    Segundo Genimar, o projeto priorizou os investimentos em recursos humanos, principalmente os profissionais de “linha de frente”, que executam as ações de vigilância e controle no país. Nesse cenário, as equipes de Angola e do Brasil definiram a sustentabilidade como pilar do projeto, garantindo a formação de multiplicadores e a capilarização do conhecimento na vigilância e controle de vetores e dos patógenos por eles transmitidos.

    Visando também a integralidade, optou-se pela abordagem de “Uma só Saúde”, para a construção de um esforço colaborativo de múltiplas disciplinas para atingir a saúde ideal para pessoas, animais e o ambiente onde estão inseridos.

    A execução do projeto prevê várias etapas, incluindo a formação de recursos humanos especializados e seminários avançados, dando continuidade à política de fortalecimento da Cooperação Sul-Sul em Desenvolvimento em Saúde e aprofundamento nas conexões da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

    Angola no Brasil

    Para o alinhamento das ações do projeto em abril e maio, a Fiocruz recebeu a equipe angolana do projeto REDISSE IV, com a presença de José Franco Martins. Na ocasião, a equipe angolana visitou alguns dos laboratórios que atendem às questões sanitárias relativas à transmissão vetorial na Fiocruz.

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